GRANDE LIVRO DAS PROTEÇÕES
Tradução do inglês,
estabelecimento, explicações, prefácio e notas por Punna Upassaca (Rogel
Samuel) da tradução do Pâli por Lionel Lokuliyana e outros, publicado por
Gunasekeratrust, Colombo, Sri Lanka.
CATUBHANA VARA PALI
O TEXTO DOS QUATRO
RECITAIS ou GRANDE LIVRO DAS PROTEÇÕES
O livro Sagrado dos
Monges do Budismo Theravada.
Tradução,
estabelecimento, explicações, prefácio e notas por Punna Upassaca, segundo a
tradução do Pâli por Lionel Lokuliyana e outros, publicado por Gunasekeratrust,
Colombo, Sri Lanka.
Para realização da
felicidade, para a destruição do sofrimento, do perigo, do medo e das doenças!
RECITAL PRELIMINAR
(Entram os monges no
“mandapa”, ou tabernáculo, pavilhão especialmente construído para a ocasião, e
ocupam seus lugares. Então os seguintes procedimentos acontecem:)
A) CONVITE para o
recital das “paritta” (proteções), proferido por um leigo, que oferece um feixe
de Betel aos monges:
PARA A DEFESA DE TODO
O PERIGO
PARA REALIZAÇÃO DE
TODAS AS FELICIDADES
PARA DESTRUIÇÃO DE
TODO SOFRIMENTO
POR FAVOR DIGAM AS
BÊNÇÃOS DA PROTEÇÃO
PARA DEFESA DE TODO
PERIGO
PARA REALIZAÇÃO DE
TODAS AS FELICIDADES
PARA DESTRUIÇÃO DE
TODO MEDO
POR FAVOR DIGAM AS
BÊNÇÕES DA PROTEÇÃO
PARA DEFESA DE TODO
PERIGO
PARA REALIZAÇÃO DE
TODAS AS FELICIDADES
PARA DESTRUIÇÃO DE
TODA DOENÇA
POR FAVOR DIGAM AS
BÊNÇÃOS DA PROTEÇÃO
B) AVISO, na língua
dos ouvintes, pelo monge mais velho.
C) NAMASKARA,
homenagem ao Buddha:
NAMÔ TASSÊ,
BHAGUEVETÔ, ARERRATÔ, SAMMÁ SAMBHUDHASSÊÊ!
Homenagem a Ele, o
Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado!
D) SARANAGAMANA,
tomando os refúgios:
BUDDHAÁM, SARENÁM,
GATCHÁMI
DHAMMÁM, SARENÁM,
GATCHÁMI
SANGHÁM, SARENÁM,
GATCHÁMI
DUTIYÁM, PI BUDDHÁM,
SARENÁM, GATCHÁMI
DUTIYÁM, PI DHAMMÁM,
SARENÁM GATCHÁMI
DUTIYÁM, PI SANGHÁM,
SARENÁM GATCHÁMI
TATIYÁM, PI BUDDHÁM,
SARENÁM GATCHÁMI
TATIYÁM, PI DHAMMÁM,
SARENÁM GATCHÁMI
TATIYÁM, PI SANGHÁM,
SARENÁM GATCHÁMI
E) PANCHA SÌLA, os
cinco preceitos.
1. Recebo o preceito
de evitar tirar a vida de qualquer ser vivo.
2. Recebo o preceito
de evitar tomar para mim o que não me seja ofertado.
3. Recebo o preceito
de evitar o adultério.
4. Recebo o preceito
de evitar falar mal de alguém, ou ficar tagarelando.
5. Recebo o preceito
de evitar álcool, tóxicos e lugares permissivos.
F) INVOCAÇÃO aos
Devas:
DO INTEIRO ESPAÇO DO
UNIVERSO
POSSAM CHEGAR AS DIVINDADES
A BOA DOUTRINA DO REI
DOS SÁBIOS
SERÁ AQUI E AGORA
OUVIDA
G) DECLARAÇÃO: É
TEMPO DE OUVIR AS PROTEÇÕES (Três vezes)
H) NAMASKÀRA,
homenagem ao Buddha:
NAMÔ TASSÊ BHAGHEVETÔ
ARERRATÔ SAMMÁ SAMBUDDHASSÊ!
I) QUALIDADES DO
BUDDHA:
Assim em verdade é
Ele, o Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado, Possuidor do
Conhecimento, da Ação, Bem Realizado, Conhecer dos Mundos, Insuperável,
Condutor de homens, Mestre dos Deuses, o Iluminado, o Sublime.
J) QUALIDADES DO
DHAMMA (Doutrina):
O Dhamma foi bem
proclamado pelo Sublime, imediatamente visível, tem a qualidade de estar aberto
a todos, leva ao Nibbana, e deve ser compreendido individualmente pelos sábios
cada um por si mesmos.
K) QUALIDADES DO
SANGHA (os 28 Buddhas e os Iluminados):
A multidão dos
discípulos do Sublime é bem realizada. A multidão dos Discípulos do Sublime
segue o caminho que não tem desvio. A multidão dos Discípulos do Sublime anda
num caminho metódico. A multidão dos Discípulos do Sublime vive a apropriada
vida. São eles os Quatro Pares de Oito caracteres individuais humanos2. Esta é
a multidão dos Discípulos do Sublime. Dignos de veneração, Dignos de
hospitalidade, Dignos de oferendas, Dignos de reverência com as palmas das mãos
juntas. Eles são a semeadura insuplantável de mérito para o mundo.
L) BÊNÇÃOS (que devem
ser repetidas no fim de cada texto:
DE ACORDO COM ESTA
VERDADE POSSAM AS TRÊS JÓIAS PROTEGER VOCÊ! (Três vezes).
M) PRIMEIRO DISCURSO
DO BUDDHA:
Através de muitos
nascimentos
Te procurei não te
encontrando,
Ó construtor da casa!
Te procurava
Sofrendo nascimentos
sobre nascimentos,
Ó construtor da casa!
Mas tua arte está vista!
Não farás a casa
outra vez
Todas as ripas foram
quebradas
Foi quebrada a
cumeeira
A mente está limpa
das coisas
A extinção do
cravejamento foi conseguida!
N) O ACONTECIMENTO DA
CAUSA (Originação Interdependente):
Através da cegueira
nasce a sinergia: através da sinergia nasce a cognição; através da cognição
nasce a individualidade; através da individualidade nascem as seis janelas dos sentidos;
através da seis janelas dos sentidos nasce o contato; através do contato nasce
a sensação; através da sensação nasce a sede; através da sede nasce a cola;
através da cola nasce o processo de viraser; através do processo aparece o
nascimento; através do nascimento aparecem decadência, aflição, lamentação,
sofrimento corporal, tristeza, inquietação. Então nasce todo um completo
agregado de sofrimento.
Através da extinção
da cegueira sem resíduo, em verdade, acontece a extinção da sinergia; com a extinção
da sinergia há extinção da cognição; com a extinção da cognição, a extinção a
individualidade; com a extinção da individualidade, a extinção das seis
esferas; com a extinção das seis esferas, a extinção do contato; com a extinção
do contato, a extinção da sensação; com a extinção da sensação, a extinção da
sede; com a extinção da sede, a extinção da cola; com a extinção da cola, a
extinção do processo; com a extinção do processo, a extinção do nascimento; com
a extinção do nascimento, a extinção da decadência, velhice, morte, aflição,
lamentação, sofrimento corporal, tristeza, inquietação. E assim se extingue
todo um completo agregado de sofrimento.
O) ESTROFES DAS
VITORIOSAS BÊNCÃOS:
1. Com mil guerreiros, com produzidas armas
O elefante Girimekhala,
com Mara
Atacou ferozmente com
todo o seu exército.
Mas através da
virtude, e generosidade
Senhor dos Sábios o
venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
2. Mais do que Mara, atacando a noite inteira
O cruel, o obstinado
yakkhá Alávaka
Foi pela abstinência
e treinado método
Que o Senhor dos
Sábios venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
3. Nalagiri, o grande elefante, louco, bêbado
Como círculo de fogo
na floresta
Veio, terrível como
um raio
Mas espargindo
amabilidades
O Senhor dos Sábios
venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
4. Segurando a espada com a levantada mão,
cruelmente
O Angulimala correu a
distância de três léguas.
Mas o poder da bem
treinada mente
Do Senhor dos Sábios
venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
5. Alargando sua barriga com a lenha
Fingindo-se de mulher
grávida
As corruptas palavras
de Cinca entre o povo.
Mas por meio calmo da
sua tranqüilidade
O Senhor dos Sábios
venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
6. Levantando a verdade, aquele Saccaka
Manipulava os
argumentos como bandeira,
Mas fixando a mente
nos blindados argumentos
A sabedoria luzindo
como lâmpada
O Senhor dos Sábios
venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
7. O naga Nandopananda, muito sábio,
De grande poder
psíquico,
Era humilhado por seu
filho mais velho.
Pois através do poder
do conselho
O Senhor dos Sábios
venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
8. Com sua são mui magoada pelo naga
Chamado errado ponto
de vista,
O brahma Baka, de
claro resplendor
e psíquico poder.
Pois através da
medicina do saber
O Senhor dos Sábios
venceu.
Por este poder haja
vitoriosas bênçãos
Para você!
9. Do Buddha estas oito estrofes de vitoriosas
bênçãos
Quem com firmeza
lembrar e as recitar
Destruirá vários
problemas e perigos.
E o sábio poderá
descobrir a Felicidade da Libertação.
P) PEDIDOS DE
PROTEÇÃO CONTRA O INFORTÚNIO
a) Qualquer mau presságio e mau agouro
Qualquer aziago rumor
de pássaro
Qualquer mau planeta
ou mau sonho
Torna-se nada com o
poder do Buddha.
b) ... com o poder do Dhamma.
c) ... com o poder da Sangha.
Q) VOTOS DE SUCESSO
Possa haver todas as
bênçãos
Possam todas as
divindades proteger você
Pelo poder de todos
os Buddhas
Possa haver bênçãos
para você
...
Pelo poder de todo o
Dhamma
...
Pelo poder de toda a
Sangha
...
R) PEDIDOS DE
PROTEÇÃO CONTRA O MAL:
Das estrelas, yakkhás
e semideuses
Para defesa dos maus
planetas
Através do poder das
proteções
Os perigos serão
destruídos.
S) FIXAÇÃO DAS
PROTEÇÕES:
Todos os Buddhas são
poderosos
Qualquer poder deriva
dos Buddhas Silenciosos
Pelo poder dos
arahánts
Nós fixamos a
proteção
Em todos os aspectos.
T) MAHAMANGALASUTTAM
(O grande discurso
das bênçãos, deve ser recitado para a prosperidade):
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, Bosque Jeta, no parque de Anathapindika, então, em
verdade, quando a noite estava avançada, certa divindade de incomparável
coloração e luz, que iluminava completamente o Bosque Jeta, se aproximou do
lugar onde estava o Sublime.
Tendo-se aproximado o saudou com reverência e sentou-se a seu
lado. Depois de sentada, aquela
divindade disse para o Sublime a estrofe:
“Muitos deuses e
homens
discutem sobre as
bênçãos
que trazem
felicidade.
Por favor diga
qual a melhor das
bênçãos”.
(O Sublime:)
“Não se associar aos
tolos
Associar-se com os
sábios
respeitar o
respeitável:
esta é a melhor
bênção.
Viver em habitação
conveniente
tendo mérito
realizado anteriormente
estabelecer-se na
autoperfeição:
esta é a melhor
bênção.
Conhecimento
profundo, habilidade nas artes
Disciplina bem
treinada
Ter a melhor
linguagem:
Esta é a melhor
bênção.
Atender à mãe e ao
pai
Cuidar dos filhos e
da esposa
Ter irrepreensível
profissão:
Esta é a melhor
bênção.
Ser caridoso,
conduzir-se bondosamente
Ajudar aos parentes
Realizar boas obras:
Esta é a melhor
bênção.
Abster-se de cometer
os males
Manter-se livre dos
intoxicantes
Ser vigilante na
prática do bem:
Esta é a melhor
bênção.
Conduzir-se digna e
docemente
Estar satisfeito, ser
agradável
Escutar a Lei no
momento próprio:
Esta é a melhor
bênção.
Ser paciente, suave
Buscar a companhia
dos monges
Falar da Lei no
momento próprio:
Esta é a melhor
bênção.
Austeridade, levar
uma vida pura
Ter a visão profunda
das Nobres Verdades
Realizar o Nibbana:
Esta é a melhor
bênção.
Imperturbável pelas
condições do mundo4
Livre da tristeza,
apego e temor:
Esta é a melhor
bênção.
Aquele que segue tais
princípios
Nunca será vencido
Irá para a Felicidade
A qual significará
para ele
A melhor das bênçãos.
PELA FORÇA DESTAS
VERDADES POSSAM AS TRÊS JÓIAS PROTEGER VOCÊ! (Três vezes)
U) RATANASUTTAM
O discurso das jóias
(Esta paritta, ou proteção, foi proferida pelo Senhor Buddha para salvar a
cidade de Vesali, devastada pela peste, pela fome e pelos maus espíritos. Deve
ser recitada contra guerras e calamidades públicas):
1. Qualquer que sejam os espíritos aqui reunidos
Sejam da terra, sejam
do ar
Possam todos ser
felizes!
E que ouçam com
atenção
O que será dito a
seguir.
2. Que, em verdade, todos os espíritos
Tenham amor aos seres
humanos
Que fazem oferendas
dia e noite
Que, em verdade,
proteja-os bem.
3. Qualquer tesouro, aqui ou em outro mundo
Ou qualquer
extraordinária jóia que haja nos céus
Nenhuma é igual ao
Conquistador
A jóia no Buddha é
insuperável
De acordo com esta
verdade
Haja felicidade!
4. A Extinção, a Liberdade, a Imortalidade, o
Supremo
Tudo o Sábio dos
Sakyas, o Tranqüilo, atingiu.
Não há nada igual ao
Dhamma
A jóia no Dhamma é
insuperável
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
5. O que é puro o grande Buddha glorificou
Aquela concentração
ininterrupta
Nunca foi visto nada
igual a ela.
A jóia no Dhamma é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
6. Os oito indivíduos de glorificada virtude
Os cento e oito
gloriosos indivíduos
Aqueles pares de
Quatro5
Os discípulos do
Caminhante
São Dignos de
oferendas
Que dão abundantes
frutos
A jóia do Sangha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
7. Os Bemrealizados, de mentes
Livres, isentos, na
Revelação do Gotama
Realizaram aquilo que
deve ser realizado
Mergulharam na
imortalidade
Realizaram a obtida
paz sem preço
A jóia da Sangha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
8. Como um poste de Indra fixo na terra
Não se move aos
quatro ventos
Digo que a boa pessoa
é similar a isto
Quem definitivo viu
as Nobres Verdades.
A jóia na Sangha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
9. Aqueles que compreenderam claramente as
Nobres Verdades
Bem expressas por
Quem tem o Saber Absoluto
De acordo com a Plena
Atenção que possam ter
Realizarão Aquilo em
até oito nascimentos.
A jóia na Sangha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
10. Quem atingiu a
Introspecção
Três conceitos
abandona:
A crença num “eu”
individual
A dúvida e o apego.
Às regras e rituais
Livrando-se de todas.
Está livre dos Quatro
Estágios de Sofrimento
Incapaz de cometer os
seis grandes crimes.
A jóia na Sangha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
11. Qualquer má ação
que faça
Do corpo, palavra ou
da mente
Ele nunca omite
Porque é dito que
isto
É impossível para
quem viu o Estágio.
A jóia na Sangha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
12. Como a copa da
floresta cheia de flores
No primeiro mês da
estação de verão
Assim ele pregou o
Nobre Dhamma
Que leva ao Nibbana,
o mais alto benefício
A jóia no Buddha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
13. O Nobre, o
Conhecedor daquilo que é Nobre
O Doador daquilo que
é Nobre
O Aceitador daquilo
que é Nobre
O insuperável Ser que
expôs o Nobre Dhamma
A jóia do Buddha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
14. O passado foi
destruído, não há começo
Para o novo
Suas mentes
desapegadas
A um futuro existir
Eles destruíram o ovo
Seus desejos
desapareceram
Como uma lâmpada
aqueles sábios
Se apagam
A jóia na Sangha é
excelente
De acordo com esta
verdade
Possa haver
felicidade!
(Estrofes de Sakka,
Deus dos Deuses, a seguir:)
15. Nós, seres aqui
reunidos
Sejamos da terra ou
do ar
Homenageamos o
abençoado Buddha
Respeitado por deuses
e homens.
Possa haver
felicidade!
16. Nós, seres aqui
reunidos
Sejamos da terra ou
do ar
Homenageamos o
perfeito Dhamma
Respeitado por deuses
e homens.
Possa haver
felicidade!
17. Nós, seres aqui
reunidos
Sejamos da terra ou
do ar
Homenageamos a
perfeita Sangha
Respeitada por deuses
e homens.
Possa haver
felicidade!
DE ACORDO COM ESTA
VERDADE POSSAM AS TRÊS JÓIAS PROTEGER VOCÊ! (Três vezes)
V)
KARANIYAMETTASUTTAM
Discurso da prática
do amor:
Quem cultiva o Bem e
busca a Suprema Felicidade deve ser hábil, capaz, correto, muito correto,
amável aos bons conselhos, gentil, livre da arrogância; alegre, fácil de contentar,
com poucas obrigações, controlado nos sentidos, discreto, cortês e não muito
apegado à família; evita conduta que possa ser censurada pelos sábios. Possam
todos os seres estar felizes e seguros! Possam ter felizes desejos! Qualquer
ser vivo que exista, sem distinção, seja feliz, seja fraco ou forte, alto ou
baixo, grande, médio ou pequeno, nascido ou por nascer, que seja feliz. Que
ninguém prejudique ninguém, ou o amedronte, movido por vaidade, inveja ou
raiva, em qualquer lugar de nenhum modo, que ninguém deseje mal a ninguém.
Assim como a mãe protege seu único filho com sua própria vida, da mesma forma
para todos os seres cultivemos um coração de bondade, para cima, para baixo, e
ao derredor, o amor bondoso atravessando o planeta, sem obstáculos, para
atravessar os ódios, para atravessar as inimizades. Seja de pé, andando,
sentado ou reclinado devemos desenvolver atenção, durante todo o tempo em que
tivermos acordados: a isto se chama Supremo Viver como Deus. Não seguindo
errado modo de interpretação, sendo virtuoso, dotado de Introspecção, afastando
a sensualidade de perto de seus sentidos
nunca mais em verdade devemos mergulhar em renascimento.
PELA FORÇA DESTA
VERDADE QUE VOCÊ POSSA ESTAR SEGURO! QUE PELA FORÇA DESTA VERDADE TODOS OS SEUS
PROBLEMAS DESAPAREÇAM! QUE PELA FORÇA DESTA VERDADE O MUNDO INTEIRO SEJA FELIZ!
X) ESTROFES RELATIVAS
AOS GRANDES E VITORIOSOS AUSPÍCIOS
1. O Protetor, cheio de compaixão
Para o benefício de
todos os seres vivos
Tendo, completas,
todas as perfeições
Atingiu a mais nobre
e completa iluminação
De acordo com estas
palavras de verdade
Possa haver
vitoriosos sucessos para você!
2. Conquistou, na árvore Bodhi,
O maior progresso de
alegria para os Sákyas.
Assim possa haver
vitórias para você
Possa você ser
vitorioso
Possa haver
vitoriosos sucessos para você!
3. Respeitando a jóia do Buddha
A melhor e nobre
medicina
Beneficiadora de
Deuses e humanos
Terá a bênção, que é
o poder do Buddha
Possam todos os
infortúnios ser anulados
E seu sofrimento
desaparecer!
4. Respeitando a jóia do Dhamma
A melhor e nobre
medicina
O alívio da aflição
Terá a bênção que é o
poder do Dhamma.
Possam todos os
infortúnios ser anulados
E seu sofrimento
desaparecer!
5. Respeitando a jóia da Sangha
A melhor e nobre
medicina
Digna de sacrifício,
digna de hospitalidade
Terá a bênção que é o
poder da Sangha.
Possam todos os
infortúnios ser anulados
E seu sofrimento
desaparecer!
6. Todas as jóias do mundo
Foram perdidas de
diversos modos.
Não há jóia igual ao
Buddha, e assim
Haja bênção para você!
7. Todas as jóias do mundo
Foram perdidas de
diversos modos.
Não há jóia igual ao
Dhamma, e assim
Haja bênção para
você!
8. Todas as jóias do mundo
Foram perdidas de
diversos modos.
Não há jóia igual à
Sangha, e assim
Haja bênção para
você!
9. Eu não tenho outro refúgio
O Buddha é meu alto
refúgio.
De acordo com esta
verdade
Haja vitoriosos
auspícios para você.
10. Eu não tenho
outro refúgio
O Dhamma é meu alto
refúgio.
De acordo com esta
verdade
Haja vitoriosos
auspícios para você.
11. Eu não tenho
outro refúgio
A Sangha é meu alto
refúgio.
De acordo com esta
verdade
Haja vitoriosos
auspícios para você.
12. Possam todas as
calamidades ser evitadas
Possam todas as
doenças desaparecer
Que não haja perigos
para você.
Que você tenha longa
vida.
13. Possam todos os
sucessos ser para você
Possam todas as
divindades proteger você
Através do poder de
todos os Buddhas
Possa sempre haver
felicidade para você.
14. Possam todos os
sucessos ser para você
Possam todas as
divindades proteger você
Através do poder de
todo o Dhamma
Possa sempre haver
felicidade para você.
15. Possam todos os
sucessos ser para você
Possam todas as
divindades proteger você
Através do poder de
toda a Sangha
Possa sempre haver
felicidade para você.
16. Astros, demônios
ou nãohumanos
Através do desvio de
maus planetas
Possam todos estes
infortúnios ser destruídos
Pelo poder desta
proteção.
(3vezes)
PRIMEIRA PARTE
NAMÔ TASSÊ BHAGUEVETÔ
ARERRATÔ SAMMÁ SAMBHUDASSÊ!
1. SARENAGAMANAM
Ir em refúgio
Buddham Sarenam
Gatchámi etc.
2. OS DEZ PRECEITOS
Abster-se de destruir
vida, de tomar o que não lhe for dado, de errada conduta em prazer sexual, de
falar em vão; de licores espirituosos, fermentados ou destilados, lugares
permissivos ou de jogo; abster-se de se alimentar no tempo impróprio (para os
monges), de dançar, cantar, tocar, visitar espetáculos; de usar guirlandas,
perfumes e cosméticos; de ornamentos e ocasiões para adornos, de usar camas
altas e largas, de aceitar ouro ou prata.
3. QUESTÕES PARA O
NOVIÇO
O que é um? Todos os
seres sustentados por comida.
Dois? Nome e forma (individualidade: mente e
corpo).
Três? As três
sensações (prazer, desprazer e neutra).
Quatro? As Quatro
Nobres Verdades (Ver adiante).
Cinco? Os cinco
fatores de apego à existência (corpo, sensação, percepção, pensamento e
consciência).
Seis? As seis esferas
internas (olho, ouvido, nariz, língua, corpo e mente).
Sete? Os sete fatores
de iluminação (Atenção, Investigação da Doutrina, Esforço, Alegria,
Tranqüilidade, Concentração, Equanimidade).
Oito? O Nobre Óctuplo
Caminho (Correta Visão, Correto Pensamento, Correto Falar, Correta Ação,
Correto Meio de Vida, Correto Esforço, Correta Atenção, Correta Concentração
(Ver adiante).
Nove? As nove residências dos seres.
Dez? O chamado
Arahant, que tem as dez qualidades (Ver adiante).
4. OS TRINTA E DOIS
CONSTITUINTES
Há neste corpo cabelo
da cabeça, pêlos do corpo, unhas, dentes, pele, carne, tendões, ossos, tutano,
rins, coração, fígado, pleura, baço, pulmão, baixo intestino, intestinos,
estômago, excrementos, bile, catarro, pus, sangue, suor, gordura, lágrima,
sebo, escarro, muco do nariz, fluido sinovial, urina e miolos.
5. AS REFLEXÕES
Cuidadosamente, com
cuidado próprio, uso minhas vestes apenas com o fim de me proteger do frio, do
calor, do contato com moscas e mosquitos, vento e sol e répteis, e também para
cobrir as partes íntimas. Cuidadosamente, com cuidado próprio, uso minha comida
não por esporte, não para o vigor humano, não como ornamento, não como adorno,
mas apenas com o fim de segurar e sustentar este corpo, sarar suas feridas,
ajudar a viver a vida santa. Então destruí as sensações do passado, não
produzirei novas sensações, e a continuação desta vida será levada. Esta
habitação, sem erros e confortáveis, será levada. Cuidadosamente, com cuidado
próprio, uso esta habitação apenas com o fim de guarda do frio, do calor, do
contato com moscas e mosquitos, vento, sol e répteis, para agüentar os rigores
das estações e outros perigos, e para ter a alegria no retiro. Cuidadosamente,
com cuidado próprio, uso requisitos contra doenças e oferendas de medicamentos
apenas com o fim de guarda do sofrimento que aparece quando corpo está doente e
porque a libertação da doença é correta.
6. DISCURSO DAS DEZ
QUALIDADES
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, Bosque Jeta, no parque de Anathapindika [homem nobre,
construtor do Mosteiro Jetavana, apoiou o Senhor Buddha desde suas primeiras
pregações], quando, em verdade, o Sublime endereçou aos monges o seguinte: “Ó
monges”, disse. “Senhor”, aqueles monges
responderam. O Sublime disse então:
"Estas dez qualidades devem ser constantemente contempladas pelo recluso.
Quais são estas dez? Deve ser constantemente contemplado pelo recluso que: ‘eu
atingi o estado de não ter casta’; ‘minha casa é para outros’; ‘outra melhor
conduta por mim poderia ser mantida’; ‘talvez a minha mente não me esteja
acusando do meu mau procedimento’; ‘talvez um sábio companheiro de mosteiro me
teste mas não me acuse de meu procedimento’; ‘haveria separação e diferença de
todos aqueles que antes me foram caros e amados’; ‘sou aquele para quem o kamma
[carma, a intenção da ação] é minha única propriedade, sou herdeiro de meu
próprio carma, tenho carma como matriz, tenho carma como parente, tenho carma
como refúgio, e de qualquer bom ou mal carma que eu crie serei herdeiro disto’;
‘para que noite e dia passam?’; ‘talvez poderia estar no prazer de uma quieta
casa’; ‘haverá qualidades em mim além do poder do homem e foi a nobre visão do
Conhecimento atingida por mim?’; ‘poderia eu, durante meus últimos dias,
questionado pelos monges companheiros, não ficar confuso?’. Estas dez
qualidades, ó monges, devem ser constantemente contempladas pelo recluso".
O Sublime disse isto. Agradecidos,
aqueles monges se alegraram com as palavras do Sublime.
PELA FORÇA DESTA
VERDADE POSSAM AS TRÊS JÓIAS PROTEGER VOCÊ!
(Três vezes)
7.
MAHAMANGALASUTTAM (Na primeira parte)
8. RATANASUTTAM – (Na
primeira parte)
9.
KARANIYAMETTASUTTAM (Na primeira parte)
10. KHANDHAPARITTAM
A Proteção contra
Khandha
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, Bosque Jeta, parque de Anathapindika e, nas imediações,
em Savatthi, um certo monge morreu ferido por uma cobra. Então, em verdade,
muitos monges se aproximaram de onde estava o Sublime, e tendo-se aproximado, O
saudaram e sentaram-se a um lado. Depois de sentados, em verdade, aqueles
monges falaram para o Sublime deste modo: “Aqui, em Savatthi, um certo monge,
tendo sido ferido por uma cobra, morreu”.
[E o Sublime disse
então:] “Em verdade, ó monges, aquele monge não saturou os quatro reinos de
serpentes com uma amorosa mente. Se, ó monges, em verdade, aquele monge tivesse
permeado os quatro reais clãs de serpente com a mente amorosa, ó monges, em
verdade aquele monge não teria morrido tendo sido ferido por uma serpente. E
quais são os quatro reais clãs de serpente?
O real clã de serpente Virupakkha, o real clã de serpente Erapatha, o
real clã de serpente Tchabyaputta, o real clã de serpente Kanhagotamaka. Em
verdade, ó monges, aquele monge não saturou os quatro reais clãs de serpente
com amorosa mente. Se, em verdade, ó monges, aquele monge tivesse saturado
estes quatro reais clãs de serpente com amorosa mente, ó monges, em verdade
aquele monge não teria morrido se ferido por serpente. Eu conclamo a vocês, ó
monges, de permear estes quatro reais clãs de serpente com amorosa mente, para
a segurança pessoal, para a proteção pessoal”. O Sublime disse isto. Tendo dito
isto, o Caminhante, o Mestre outra vez proferiu assim:
1. Meu amor está com os Virupakkhas
Meu amor está com os
Erapathas
Meu amor está com os
Tchabyaputtas
Meu amor está com os
Kanhagotamakas
2. Meu amor está com quem não tem pés
Meu amor está com
quem tem dois pés
Meu amor está com
quem tem quatro pés
Meu amor está com
quem tem muitos pés
3. Que não me fira nenhum que não tenha pés
Que não me fira
nenhum que tenha dois pés
Que não me fira
nenhum que tenha quatro pés
Que não me fira
nenhum que tenha muitos pés
4. Possam todos os seres, todos aqueles com vida
Possam todos aqueles
que retornaram
Em sua totalidade
Possam todos ver o
que é bom
Que nenhum mal venha
a sofrer
O Buddha é ilimitado,
o Dhamma é ilimitado, a Sangha é ilimitada, mas os corpos têm limites.
Serpentes, escorpiões, centopéias, aranhas, lagartos, ratos. A segurança deles
foi feita por mim. A proteção deles foi feita por mim. Possam estes seres
recolher (a suas habitações).
Que eu adoro o
Sublime, adoro os sete completamente iluminados.
PELA FORÇA DESTA
VERDADE POSSAM AS TRÊS JÓIAS PROTEGER VOCÊ!
(Três vezes)
11. DISCURSO DOS
BENEFÍCIOS DO AMOR
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, bosque Jeta, no parque de Anathapindika, quando em
verdade se dirigiu aos monges: “Ó monges”. “Senhor”, aqueles monges responderam. O Sublime falou desse modo:
“Ó monges, há onze
proveitos esperados do amor, da emancipação do coração, associado,
desenvolvido, feito mais por, feito um hábito por, feita uma base de,
efetivado, praticado, bem nascido. E quais são os onze?
“Dorme bem, levanta-se
bem, não tem maus sonhos, torna-se afetuosos aos humanos, torna-se afetuoso aos
não-humanos, as divindades o protegem, nenhum fogo, veneno ou arma o afeta, sua
mente fica calma rapidamente, a cor de sua face brilha, chega à morte lúcido e
além disso, se ele não chegou a Compreender, quando morre vai para o mundo dos
Brahmas.
“Ó monges, do amor,
da emancipação do coração, associado, desenvolvido, feito mais por, feito um
hábito por, feita uma base de, efetivado, praticado, bem nascido, esses onze
proveitos são esperados”.
O Sublime disse isto.
Aqueles montes se alegraram com o que disse o Sublime.
12. OS PROVEITOS DA
AMIZADE
1. Come bem (porque é bem acolhido)
Quando sai de sua
casa.
Muitos dependem dele
De quem não trai os
amigos.
2. A qualquer país que vá, a qualquer centro
Ou a cidade real
Lá ele é sempre
honrado
Quem não trai os
amigos.
3. Ladrões não o atacam
Nem o rei o despreza
Ele supera os
inimigos
Quem não trai os
amigos.
4. Sem raiva volta pra casa
É feliz em
assembléias
Ele é o melhor dos
parentes
Quem não trai os
amigos.
5. É respeitado porque respeita
Reverencia e é
reverenciado
Assim tem fama é
glória
Quem não trai os
amigos.
6. Como ele é muito honrado
E disposto à
veneração
As homenagens recebe
Na sua fama e glória
Quem não trai os
amigos.
7. Ele brilha como a luz
Brilha como um ser
divino
A prosperidade não o
abandona
Quem não trai os
amigos.
8. Bois lhe dão produção
O que planta recolhe
Desfruta os frutos
dos filhos
Quem não trai os
amigos.
9. Na caverna ou na montanha
Ou na árvore,
desfalecido
Se cai, logo consegue
auxílio
Quem não trai os
amigos.
10. Mesmo envelhecido
Como figueira ao
vento
Não o dobram inimigos
Quem não trai os
amigos.
13. A PROTEÇÃO PELO
PAVÃO
1. Este [sol], possuidor dos olhos, único rei,
nasce
Sua dourada cor
iluminando a terra
E então o adoro, na
sua cor de ouro iluminando a terra
E hoje, protegido por
você cumprirei meu dia.
Qualquer brâmane,
conhecedor dos Vedas
Seja louvado e me
proteja
Louvados sejam os
antigos Buddhas
Louvadas sejam suas
grandes vitórias
Louvados sejam os
Emancipados
Louvadas sejam suas
liberações!
Feita esta proteção
O pavão sai, em busca
de alimento.
2. Este [sol], possuidor dos olhos, único rei,
se põe
Sua dourada cor
iluminando a terra
E então o adoro, na sua
cor de ouro iluminando a terra
E hoje, protegido por
você cumprirei meu dia.
Qualquer brâmane,
conhecedor dos Vedas
Seja louvado e me
proteja
Louvados sejam os
antigos Buddhas
Louvados sejam suas
grandes vitórias
Louvados sejam, os
Emancipados
Louvadas sejam suas
liberações!
Feita esta proteção
O pavão cumpriu seu
dia.
14. PROTEÇÃO PELA LUA
[Na lenda do seu
eclipse]
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, no Bosque Jeta, no parque de Anathapindikha, quando a
lua, a divina filha, foi sequestrada por Ráhu, senhor dos assuras [demônios].
Então, em verdade, a Lua, a divina filha, lembrou-se do Sublime e disse a
seguinte estrofe:
Buddha herói, louvado
sede.
sois livre de tudo,
Estou obstruída
Sede refúgio para
mim!
Então, em verdade, o
Sublime disse uma estrofe para Ráhu, senhor dos assuras, referindo-se a lua, a
divina filha:
No Caminhante, no
Perfeito
A lua tomou refúgio
Ó Ráhu, libera a lua
Os Buddhas têm
compaixão
Por todos os mundos!
Então, em verdade,
Ráhu, senhor dos assuras, tendo libertado a lua, correu para onde estava
Vepacitti, senhor dos assuras. Tendo-se aproximado, estava agitado, os cabelos
agitados, e parou ao lado. Em verdade Vepacitti, senhor dos asuras, falou para
Ráhu, senhor dos assuras, que estava ao lado, a estrofe:
Por que tão agitado
Ó Ráhu, se a lua foi
liberada?
Por que ainda agitado
Por que parece com
medo?
(Ráhu:)
Em sete partes se
quebrara minha cabeça
Se vivesse não seria
feliz
Se, ouvindo os versos
do Buddha
Não libertasse a lua.
15. PROTEÇÃO PELO SOL
[Na lenda do eclipse]
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, no Bosque Jeta, no parque de Anathapindika, quando o
sol, o divino filho, foi preso por Ráhu, senhor dos assuras. Então, em verdade,
o Sol, o divino filho, lembrando-se do Buddha, disse a seguinte estrofe:
Buddha herói, louvado
sede!
Sois livre de tudo
Estou obstruído
Sede refúgio para
mim.
Então, em verdade, o
Sublime disse uma estrofe para Ráhu, senhor dos assuras, referindo-se ao Sol, o
divino filho:
No Caminhante, no
Perfeito
O sol tomou refúgio.
Ó Ráhu, libera o Sol
Os Buddhas têm
compaixão
Por todos os mundos.
Então, em verdade,
Ráhu, senhor dos assuras, tendo libertado o Sol, correu para onde estava
Vepacitti, senhor dos assuras. Tendo-se aproximado, estava agitado, os cabelos
agitados, e parou ao lado. Em verdade Vepacitti, senhor dos assuras, disse para
Ráhu, senhor dos assuras, que estava ao lado, a estrofe:
Por que tão agitado
Ó Ráhu, se o sol foi
liberado?
Por que ainda
agitado?
Por que parece com medo?
(Ráhu responde:)
Em sete partes se
quebrara minha cabeça
Se vivesse não seria
feliz
Se ouvisse os versos
do Buddha
E não libertasse o
Sol.
16. DHAJAGGAPARITTAM
A proteção através do
topo do estandarte
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, no bosque Jeta, dentro do parque de Anathapindika,
quando, em verdade, o Sublime se dirigiu aos monges: “Ó monges”. “Sim, Senhor”,
aqueles monges responderam ao Sublime. O Sublime então falou:
“Isto aconteceu há
muito tempo, ó monges. Havia uma guerra entre os devas (divinos) e os assuras
(demônios). Então, em verdade, ó monges, Sakka, Senhor dos Devas, se dirigiu ao
deva de Tavatimsa:
“Se, ó Felizes, o
medo, ou o espanto, ou o estremecimento dos cabelos do corpo aparecer durante a
batalha, então vocês devem olhar para o topo do meu estandarte. Quem olhar para o topo do meu estandarte verá
desaparecer o medo, ou o espanto, ou o estremecimento dos cabelos do corpo. Se
vocês não puderem ver o topo do meu estandarte, olhem para o topo do estandarte
de Pajápati, rei dos devas. Quem vir o topo do estandarte de Pajápati verá
desaparecer o medo, o espanto ou tremor. Se não puderem ver o topo do
estandarte de Pajápati, rei dos devas, olhem para o topo do estandarte de
Varuna, rei dos devas. Quem vir o topo do estandarte de Varuna, rei dos devas,
verá desaparecer o medo, o espanto ou tremor. Se não puderem ver o topo do
estandarte de Varuna, rei dos devas, olhem para o topo do estandarte de Isana,
rei dos devas.
Quem vir o topo do
estandarte de Isana verá desaparecer o medo, espanto ou tremor.
“Em verdade, ó
monges, aquele que olhava para o estandarte de Sakka, Senhor dos devas, ou de
Pajápati, rei dos devas, ou de Varuna, rei dos devas, ou de Isana, rei dos
devas, seu medo, espanto ou tremor desaparecia ou não? E por quê?
“Porque Sakka, o
Senhor dos Devas, ó monges, não estava livre da paixão, não estava livre da
fúria, não estava livre da ilusão, estava amedrontado, trêmulo, cheio de medo e
corria em fuga. Em verdade eu digo a vocês: Para quem que, tendo ido à
floresta, sentado na raiz de uma árvore, numa habitação vazia, aparecer o medo,
espanto ou tremor, deve se lembrar de mim na solidão, desse modo:
"ASSIM AQUELE
SUBLIME É PERFEITO, COMPLETO,
SUPREMAMENTE ILUMINADO, POSSUIDOR DO CONHECIMENTO E DA AÇÃO, BEMIDO,
CONHECEDOR DOS MUNDOS, INSUPERÁVEL, CONDUTOR DE HABILITADOS HOMENS, MESTRE DE
DEUSES E DE HOMENS, O ILUMINADO, O SUBLIME”.
Em verdade, para quem
se lembrar de mim, nenhum medo, espanto ou tremor acontecerá. Se você não puder
lembrar-se de mim, então deve lembrar-se Dhamma, desse modo:
“O DHAMMA FOI BEM
PROCLAMADO PELO SUBLIME, VISÍVEL AGORA MESMO E AQUI, ABERTO A TODOS, LEVANDO
(AO NIBBANA) E DEVENDO SER COMPREENDIDO INDIVIDUALMENTE POR CADA UM POR SI
MESMO”.
Em verdade, ó monges,
para quem se lembrar do Dhamma, nenhum medo espanto ou tremor acontecerá. Se
você não puder lembrar-se do Dhamma, então você deve lembrar-se da Sangha,
desse modo:
“A MULTIDÃO DOS
DISCÍPULOS DO SUBLIME TEM SEGUIDO CORRETAMENTE. A MULTIDÃO DOS DISCÍPULOS DO
SUBLIME TEM SEGUIDO O CAMINHO MAIS CURTO. A MULTIDÃO DOS DISCÍPULOS DO SUBLIME
TEM SEGUIDO O CAMINHO CORRETO. A MULTIDÃO DOS DISCÍPULOS DO SUBLIME VIVE DE
MANEIRA ÓTIMA. OS QUATRO PARES DE HOMENS, OS OITO CARACTERES HUMANOS: ESTA É A
MULTIDÃO DOS DISCÍPULOS DO SUBLIME. DIGNA DE SACRIFÍCIOS, DIGNA DE
HOSPITALIDADE, DIGNA DE OFERENDAS, DIGNA DE SER REVERENCIADA COM AS PALMAS DAS
MÃOS JUNTAS. INSUPERÁVEL CAMPO DE MÉRITO DO MUNDO”.
Em verdade, ó monges,
para quem se lembrar da multidão dos discípulos, nenhum medo, espanto ou tremor
ocorrerá.
“Qual a razão? Porque
o Caminhante, ó monges, é Digno, Completo e Supremamente Iluminado, livre da
paixão, livre do ódio, livre da ilusão, não tem medo, não estremece, livre do
tremor e não foge”.
O Sublime falou
assim. Depois de falar, o Caminhante, o Mestre ainda disse:
1. Na floresta ou ao pé de uma árvore
Ou numa habitação
vazia, ó monges,
Lembrem-se do Supremo
Iluminado,
E não haverá medo em
você.
2. Se não se lembrar do Supremo
O grande Senhor do
Mundo, mais nobre dos homens
Então lembre-se do
Dhamma
Bem expresso, que
leva à Salvação.
3. Se não se lembrar do Dhamma
Bem expresso, que
leva à salvação
Lembre-se da Sangha
Insuperável campo de
mérito.
4. Para quem se lembrar do Buddha
Do Dhamma e da
Sangha, ó monges,
Medo, espanto ou
tremor
No seu corpo não
haverá
SEGUNDA PARTE
17. MAHAKASSAPATTHERA
BOJJHANGAM
Fatores de iluminação
relatados para o velho Kássapa, o grande.
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Rajagaha, Veluvana (Bosque de Bambu), em Kalandakanivapa (Terra
de Pasto dos Esquilos), quando, naquele tempo, o venerável Kássapa, o grande,
vivia na caverna Pipphali, mal, sofrendo, dolorosamente doente. Então, em
verdade, o Sublime, à tarde, tendo saído de sua solidão, aproximou-se de onde o
venerável Kássapa, o grande, se encontrava. Tendo-se aproximado, sentou-se num
assento que lhe foi preparado. Então, já
sentado, o Sublime falou dessa forma para o venerável Kássapa, o grande: “Como
está, Kássapa? Está melhor? Como se está alimentando? Suas dores diminuíram? Ou
aumentaram? Você acha que sua doença vai passar? Ou você acha que vai piorar?”
(E Kássapa responde:) “Senhor, eu não estou melhor, não houve alívio. As dores
são terríveis. Aumentam, não diminuem, estão muito longe de terminar, não
diminuem”.
(O Sublime disse:) “Ó
Kássapa, há estes sete fatores de iluminação, bem declarados por mim,
desenvolvidos, realizados, que levam à introspecção, completa iluminação,
Nibbana. Quais são? O fator de
iluminação Plena. Atenção, então, Kássapa, bem declarado por mim, desenvolvido,
realizado, que leva à introspecção, completa iluminação, Nibbana. Investigação
do Dhamma (doutrina ou verdade), então, Kássapa, bem declarado por mim,
desenvolvido, realizado, que leva à Introspecção, completa iluminação, Nibanna.
Energia ..... Nibbana. Alegria ..... Nibbana. Serenidade ..... Nibbana.
Concentração ..... Nibbana. Equanimidade ..... Nibbana.
Foi assim, ó Kássapa,
que estes sete fatores de iluminação foram bem declarados por mim,
desenvolvidos, realizados, que levam à introspecção, completa iluminação,
Nibbana.
(Kássapa:) “Verdade,
Senhor, os fatores de iluminação! Verdade, Senhor, os fatores de iluminação!”
Assim falou o
Sublime. Feliz, o grande Kássapa aprovava o que tinha sido dito pelo Senhor,
levantando-se de sua doença, curado.
18.
MAHAMOGGALLÀNATTHERABOJJHANGAM
Os fatores de
iluminação relatados para o velho Moggallana, o Grande.
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Rajagaha, Veluvana, em Kalandakanivapa, quando o venerável Moggallana,
o grande, vivia no monte Gijjhakuta (Pico dos Abutres), e estava mal, sofrendo,
dolorosamente doente. Então o Sublime, de tarde, saindo de sua solidão, se
aproximou de onde estava o venerável Mogallana, o grande, e tendo-se aproximado
sentou-se num assento preparado previamente para Ele. Então, já sentado, o
Sublime falou dessa maneira para o venerável Moggallana, o grande: “Como está,
Moggallana? Está melhor? Como tem-se alimentado? Suas dores diminuíram?
Aumentaram? Acha que sua doença vai passar? Acha que vai piorar?” (E Moggallana
responde:)
“Senhor, não estou
melhor, não houve alívio. As dores são terríveis. Aumentam, não diminuem, estão
muito longe de terminar, não diminuem”.
(O Sublime disse:) “Ó
Moggallana, há estes sete fatores de iluminação bem declarados por mim,
desenvolvidos, realizados, que levam à introspecção, completa iluminação,
Nibbana. Quais são? O fator de iluminação Plena Atenção, então, Moggallana, bem
declarado por mim, desenvolvido, realizado, que leva à introspecção, completa
iluminação, Nibbana. O fator de iluminação Investigação do Dhamma .....
Nibbana. O fator de iluminação Energia ..... Nibbana. O fator de iluminação
Alegria ..... Nibbana. O fator de iluminação Serenidade ..... Nibbana. O fator
de iluminação Concentração ..... Nibbana. O fator de iluminação Equanimidade
..... Nibbana.
Foi assim, ó
Moggallana ..... Nibbana.
(Moggallana:)
“Verdade, Senhor, os fatores de iluminação!”
Assim falou o
Sublime. Feliz, o grande Maggallana aprovava o que tinha sido dito pelo senhor,
levantando-se de sua doença, curado.
19. MAHACUNDATTHERABOJJHANGAM
Fatores de iluminação
relatados pelo velho Cunda, o Grande
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Rajagaha, Veluvana, em Kalandakanivapa, e neste tempo o Sublime estava
mal, sofrendo, dolorosamente doente. Então, em verdade, o venerável Cunda, o
grande, à tarde, saindo de sua solidão, se aproximou de onde estava o Sublime.
Tendo-se aproximado, fez grande reverência ao Sublime, e sentou-se a seu
lado. O Sublime falou, então, desse
modo, ao venerável Cunda, o Grande, que estava a seu lado: “Que os fatores de
iluminação estejam bem claros para você, ó Cunda”.
(Cunda:) “Há, Senhor,
sete fatores de iluminação que foram bem declarados pelo Sublime, desenvolvidos
..... Nibbana. Quais são? O fator de iluminação Plena Atenção .....
Investigação do Dhamma ..... Energia ..... Alegria ..... Serenidade .....
Concentração ..... Equanimidade .....
(O Sublime:) “Em
verdade são estes, ó Cunda, os fatores de iluminação, são estes”. O venerável
Cunda, o grande, disse a seguir: “O Mestre está em concordância comigo”. E o
Sublime levantou-se de sua doença. E então aquela doença do Sublime havia
desaparecido.
20.
GIRIMANANDASSUTTAM
Discurso para
Girimananda
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, Bosque Jeta, no parque de Anathapindika, e nesta época
o venerável Girimananda estava mal, sofrendo, dolorosamente doente. Então, em
verdade, o venerável Ananda se aproximou de onde estava o Sublime e, perto dele,
reverenciou-O respeitosamente e sentou-se a seu lado. Depois de sentado, em
verdade, o venerável Ananda falou desse modo para o Sublime: “Senhor, o
venerável Girimananda está mal, sofrendo, dolorosamente doente. É bom, Senhor,
que o Senhor se aproxime de onde o venerável Girimananda está e tenha compaixão
por ele”.
O Sublime falou,
então: “Se você, Ananda, aproximar-se do monge Girimananda e depois proferir as
dez percepções para ele, poderá ocorrer que, tendo ouvido as dez percepções,
aquele mal que acomete o monge Girimananda imediatamente desapareça. Quais são
as dez?
A percepção da
Impermanência, a percepção da Inexistência de um “Eu”, a percepção das
Impurezas, a percepção do Perigo, a percepção da Destruição, a percepção do
Desapego, a percepção da Cessação, a percepção do Desencanto com Totalidade do
Mundo, a percepção da Impermanência dos Pensamentos, e a Plenaatenção na
Inspiração e Expiração.
E Ananda, o que é a
percepção da Impermanência?
Aqui, ó Ananda, o
monge que foi para a floresta, ou que foi para o pé de uma árvore, ou que
ocupou um abrigo que encontrou abandonado, considera assim: O corpo é
impermanente, as sensações são impermanentes, as percepções são impermanentes,
os pensamentos são impermanentes, a consciência é impermanente. Assim ele vive
refletindo na impermanência desses Cinco Agregados da avidez [considerados um
“eu”].
Esta é dita, ó
Ananda, a percepção da impermanência.
E Ananda, que é a
percepção da Inexistência de um “Eu”?
Aqui, ó Ananda, o
monge que foi à floresta, ou que foi ao pé de uma árvore, ou que ocupou um
abrigo que encontrou abandonado, considera assim: O olho é destituído de substância própria e a
forma é destituída de substância própria.
O ouvido é destituído de substância própria e o som é destituído de
substância própria. O nariz é destituído
de substância própria e o odor é destituído de substância própria. A língua é destituída de substância própria e
o gosto é destituído de substância própria.
O corpo é destituído de
substância própria e
a sensação é destituída de substância própria.
A mente é destituída de substância própria e os pensamentos são
destituídos de substâncias próprias.
Assim nessas seis esferas internas e externas ele vive, refletindo
nesses destituídos de substância própria.
Esta é, ó Ananda, a
percepção da Inexistência de um “Eu”.
E o que é, ó Ananda,
a percepção das Impurezas?
Aqui, ó Ananda, o
monge considera as impurezas de várias maneiras, sentindo o corpo, dos pés ao
topo da cabeça, delimitado pela pele: Neste corpo há cabelos da cabeça, pêlos
do corpo, unhas, dentes, peles, carne, tendões, ossos, tutano, rins, coração,
fígado, pleura, baço, pulmão, baixo intestino, intestinos, estômago,
excrementos, bile, catarro, pus, sangue, suor, gordura, lágrima, sebo, escarro,
muco do nariz, fluido sinovial, urina e miolos. Assim ele vive refletindo as
impurezas deste corpo.
Esta é, ó Ananda, a
percepção das Impurezas.
E Ananda, o que é a
percepção do Perigo?
Aqui, ó Ananda, o
monge que foi para a floresta, ou que foi para o pé de uma árvore, ou que foi
para um abrigo que encontrou abandonado, considera assim: Este corpo é cheio de sofrimento, este corpo
apresenta muitos perigos. Pois neste corpo aparecem várias aflições, como a
doença dos olhos, como a doença da audição, a doença do nariz, a doença da
fala, a doença do corpo, a doença do coração, a doença do ouvido, doença da
boca, doença do dente, tosse, asma, catarro, calor, febre, doença do abdômen,
desfalecimento, disenteria, dor aguda, cólera, lepra, abscessos, queda da pele,
consunção (tuberculose), epilepsia, erupção cutânea, sarna, crosta (ferida),
arranhões de unha que infeccionam, ferimentos, doenças do sangue, da bile,
afecções catarrais, afecções de golpes de ar, afecções dos humores do corpo,
afecções das mudanças das estações, afecções derivadas dos aborrecimentos,
afecções espasmódicas, afecções do mau carma, resfriados, calores, fome, sede,
excreção de matéria fecal e de urina. Assim ele vive refletindo sobre os
Perigos do corpo.
Esta é, ó Ananda, a
percepção do Perigo.
E Ananda, o que é
percepção da Destruição?
Aqui, ó Ananda, o
monge não preserva o pensamento concernente ao prazer sensual que nasce, mas o
abandona, mas o afasta, livra-se dele, só para atingir o estado de
renúncia. Ele não preserva o pensamento
de raiva que nasce ..... Não preserva o pensamento de agressão que nasce .....
Não preserva o pensamento malévolo que nasce ..... Não preserva o pensamento
inábil que nasce ..... Assim ele reflete sobre a Destruição.
Esta é, ó Ananda, a
percepção da Destruição.
E o que é, ó Ananda,
a percepção do Desapego?
Aqui, ó Ananda, o
monge que foi à floresta, seja para o pé de uma árvore, seja para um abrigo
vazio, considera assim: “Isto é calmo, isto é excelente”, e ele acalma todos os
pensamentos, livra-se de todos os substratos mentais, como o desejo, atinge o
desapego, a renúncia, a libertação, a não-ansiedade, a imparcialidade a
serenidade, o Nibbana.
Esta é, ó Ananda, a
percepção do Desapego.
O que é, ó Ananda, a
percepção da Cessação?
Aqui, ó Ananda, o
monge que foi para a floresta, seja para o pé de uma árvore, seja para um
abrigo vazio, considera assim: “Isto é calmo, isto é excelente”, acalmando os
pensamentos, atingindo o Desapego, a imparcialidade, o Nibbana.
Esta é, ó Ananda, a
percepção da Cessação.
O que é, ó Ananda, a
percepção do Desencanto com a Totalidade do Mundo?
Aqui, ó Ananda, o
monge, sejam quais forem os estratagemas e atrações, decisões, aderências e
tendências de sua mente, abandona-as todas e não se prende a elas, não se
encanta com elas.
Esta é, ó Ananda, a percepção
do Desencanto com a Totalidade do Mundo.
O que é, ó Ananda, a
percepção da Impermanência dos Pensamentos?
Aqui, ó Ananda, o
monge fica envergonhado e desgostoso com
o que se refere a todos os pensamentos que aparecem em sua mente.
Esta é, ó Ananda, a
percepção da Impermanência dos Pensamentos.
O que é, ó Ananda,
Plena-atenção na Inspiração e Expiração?
Aqui, ó Ananda, o
monge que for para a floresta, seja para o pé de uma árvore, seja para um
abrigo vazio, senta-se de pernas cruzadas, colocando seu corpo ereto,
procurando a Atenção em frente de si. E ele inala atentamente, e ele exala
atentamente. Inalando uma profunda inspiração ele sabe: “Estou inalando uma
profunda inspiração”. Exalando uma profunda expiração, ele sabe: “Estou
exalando uma profunda expiração”. Inalando uma curta inspiração, ele sabe:
“Estou inalando uma curta inspiração”. Exalando uma curta expiração, ele sabe:
“Estou exalando uma curta expiração”.
Ele treina: “Estou inalando experimentando a totalidade
do corpo”.
Ele treina: “Estou exalando experimentando a totalidade
do corpo”.
Ele treina: “Estou inalando acalmando os constituintes do
corpo”.
Ele treina: “Estou exalando acalmando os constituintes do
corpo”.
Ele treina: “Estou inalando experimentando energia”.
Ele treina: “Estou exalando ...”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando experimentando
felicidade”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando experimentando os
constituintes da mente”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando acalmando os
constituintes da mente”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando experimentando a
mente”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando fazendo a mente
alegrar-se”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando manipulando a
mente”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando causando a
libertação da mente”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando contemplando a
impermanência”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando contemplando a
serenidade”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando contemplando a
Cessação dos pensamentos”.
Ele treina: “Estou inalando/exalando contemplando a
Libertação”.
Assim ele treina.
Esta é, ó Ananda, a
Plena-atenção na Inalação e Expiração.
Se você, Ananda,
aproximar-se do monge Girimananda e proferir estas dez percepções, pode
acontecer que, depois que ouvir estas dez percepções, aquela doença possa
imediatamente desaparecer”.
Então, assim, o
Venerável Ananda, tendo aprendido estas dez percepções em presença do Sublime,
saiu e foi ao lugar onde estava o Venerável Girimananda. Tendo chegado, proferiu estas dez percepções
para ele.
Então daquela doença
o Venerável Girimananda foi imediatamente curado. E ele levantou-se de sua
doença, e aquela doença desapareceu.
21. ISIGILISUTTAM
Discurso sobre
Isigili
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Rajagaha, no monte Isigili. Então, em verdade, o Sublime se
dirigiu aos monges: “Ó monges”. “Sim”, aqueles monges responderam ao Sublime.
O Sublime então
disse:
“Vocês vêem, ó
monges, o monte Vebhara? “ “Sim, Senhor” (responderam). “Em verdade, ó monges,
para o monte Vebhara não há outro nome, outra designação.
“Vocês vêem, ó
monges, o monte Pandava?” “Sim, Senhor” (responderam). “Em verdade, ó monges,
para o monte Pandava não há outro nome, outra designação”.
“Vocês vêem, ó
monges, o monte Vepulla?” “Sim, Senhor”. “Em verdade, ó monges, para aquele
monte Vepulla não há outro nome, outra designação.
“Vocês vêem, ó
monges, aquele monte Gijjhakuta?” “Sim, Senhor”. “Em verdade para aquele monte
Gijjhakuta não há outro nome, outra designação”.
“Vocês vêem, ó
monges, este monte Isigili?” “Sim, Senhor”. Para este monte Isigili, este tinha
o mesmo nome, este tinha a mesma designação. Em tempos passados neste monte
Isigili houve quinhentos Buddhas Silenciosos (Patchekabuddhas) vivendo
constantemente ali. Eles foram vistos entrando nesta montanha, mas não foram
mais vistos depois que entraram.
Vendo aquilo, as
pessoas disseram assim: “Esta montanha engoliu aqueles Sábios”. Por isso o nome
“Isigili”, “Isigili” [engolindo os sábios] apareceu. Ó monges, eu posso
informar os nomes dos Buddhas Silenciosos; ó monges, Eu posso proclamar os
nomes dos Buddhas Silenciosos. Ouçam isto, guardem na memória, Eu posso dizer”.
Então aqueles monges de fato responderam: “Sim, Senhor”.
O Sublime falou
então:
“O completamente
iluminado Buddha Silencioso de nome Arittho, ó monges, viveu longamente neste
monte Isigili. O completamente iluminado Buddha Silencioso de nome Uparittho, ó
monges, viveu longamente neste monte Isigili. O completamente iluminado Buddha
Silencioso de nome Tagarasikhi, ó monges, viveu longamente neste monte. O ...
Iluminado ... Yasassi, o Iluminado Sudassano, o Iluminado Piyadassi, o
Iluminado Gandhara, o Iluminado Pindolo, o Iluminado Upasabhu, o Iluminado
Nitho, o Iluminado
Tatho, o Iluminado
Sutava, o Iluminado Bhavitatto, ó monges, viveu longamente neste monte Isigili.
1. Aqueles Nobres Seres, Livres do Sofrimento,
Livres do Desejo,
Conseguiram a Grande
Iluminação cada um por si
Aqueles, os mais
Nobres dos seres, arrancaram as estacas
Ouçam-me pois que eu
proclamo seus nomes:
2. Arittho, Uparittho, Tagarasikkhi, Yasassi,
Sudassano e o Buddha
Piyadassi,
Gandhara, Pindolo e
Upasabho
Nitho, Tatho, Sutava,
Bhavitatto;
3. Sumbho, Subho, Methulo e Atthamo,
E também Megha,
Anigha, Sudatha,
Estes Silentes
Buddhas destruíram o líder do vir-a-ser
Da existência e Hingu
e Hinga, o muito poderoso;
4. Os dois Jalis Sábios (o mais baixo e o mais
alto) e Atthako
E então o Buddha
Kosalo e então Subahu
Upanemisa, Nemisa,
Santacitta,
Sacca, Tatha, Uiraja
e Pandita;
5. Kala, Upakala, Vijita e Jita
Anga e Pango e
Gutijjita,
Passo, que abandonou
a base, a rota do sofrimento
E Aparajita que
venceu o poder de Mara;
6. Satha, Pavatta, Sarabhango, Lomahamsa,
Uccangamaya, Asita,
Anasava
Manomaya e
Bandhumantu, o rigor da dignidade,
Tadadimutta, Vimala e
Ketumantu;
7. Ketumbaraga e Matanga, Ariya,
E então Accuta e
Accutagamabyamako,
Sumangalo, Dabbila,
Suppatitthita,
Asayha, Khemabhirato,
e Sorato;
8. Durannya, Sangha e então Uccaya,
O muito sábio Sayha,
de perfeita energia
Ananda, Nanda,
Upananda
(estes quatro três
vezes nomeados) doze,
E Bharadvaja, o
carregador do último corpo
9. Bodhi, Mahanama, e então também Uttara
Kesi, Sikhi, Sumdara, Bharadvaja,
Tissa, e Upatissa,
que rompeu o nó do porvir.
10. Havia o Buddha
Mangalo, que abandonou a paixão
Usabho, que cortou a
rota certa do sofrer;
Upanita, que atingiu
o pacífico estado,
Uposata, Sundara,
Saccanamo.
11. Jeta, Jayanta,
Paduma e Uppala,
Padumuttaro, Lakkhito
e Pabbato,
Manatthaddha, Sobhito
de pacificada paixão
Kanha, o Buddhha que
bem realizou-se a si mesmo.
12. Estes e outros
muito poderosos
Silentes Buddhas
destruíram o líder da existência
Aqueles grandes
sábios foram além dos apegos
Reverenciem aqueles
inumeráveis Buddhas
Que atingiram a
emancipação.
TERCEIRA PARTE
22.
DHAMMACAKKAPPAUATTANASUTTAM
Discurso da
Inauguração do Reino da Verdade
[Literalmente:
Discurso de por em ação a Roda da Verdade ou do Dhamma, a Doutrina, talvez o
mais importante de todos os Suttas, pois nele se expões as chamadas QUATRO
NOBRES VERDADES, ponto de base de toda a teoria budista. Foi o Primeiro
Discurso do Sublime a tratar da Dharma, reencontrando os seus cinco antigos
discípulos]
NAMÔTASSÊ BHAGUEVÊTO
AREHATÔ SAMMÁ SAMBUDHASSÊ!
Louvado seja Ele, o
Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado!
NAMÔTASSÊ BHAGUEVÊTO
AREHATÔ SAMMÁ SAMBUDHASSÊ!
Louvado seja Ele, o
Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado!
Assim foi ouvido por
mim:
Naquele tempo o
Sublime estava em Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, quando, então, o
Sublime se dirigiu aos monges que formavam um grupo de cinco:
“Ó monges, existem
estes dois extremos que não devem ser freqüentados por um recluso; há este
apreço pelos divertimentos do mundo, com respeito aos prazeres sensuais, baixo,
comum, pertencente ao homem comum, (caminho este que é) desprezível, conectado
com sofrimento; e há este apego à auto-mortificação, (que é cheio de)
sofrimento, ignóbil, conectado com sofrimento. Ó monges, sem se aproximar
desses dois extremos, o caminho do meio foi bem realizado pelo Conquistador,
produzindo introspecção, produzindo conhecimento, levando à serenidade,
especial conhecimento, mais alta iluminação, Nibbana.
E monges, o que é
este caminho do meio que foi bem realizado pelo Conquistador, produzindo
Introspecção, produzindo conhecimento, levando à serenidade, especial
conhecimento, correta iluminação, Nibbana?
Este não deve ser
nenhum outro além do Nobre Óctuplo Caminho, a saber: Correta visão, correta
intenção, correta palavra, correta ação, correto meio de subsistência, correto
esforço, correta atenção e correta concentração. Este, ó monges, é o caminho do
meio realizado pelo Conquistador, produzindo introspecção, produzindo
conhecimento, que leva à serenidade, especial conhecimento, mais alta
iluminação, Nibbana.
Esta, ó monges, é a
Nobre Verdade do Sofrimento: Nascimento é sofrimento, velhice é sofrimento,
doença é sofrimento, morte é sofrimento, união com o indesejável é sofrimento,
separação do amado é sofrimento, não conseguir o que se deseja é sofrimento, e
assim os fatores dos cinco agrupados são sofrimento. Este, ó monges, é a Nobre
Verdade da raiz do sofrimento: A avidez de todos os meios que causam vir-a-ser
no próximo mundo, que consiste no apaixonado deleite que busca por prazer nisto
ou naquilo, ou seja: avidez por prazeres sensuais, avidez por vir-a-ser, avidez
por não vir-a-ser.
Este é, então, ó
monges, o Nobre Caminho da Extinção do Sofrimento: pela extinção da vida,
mesma, através do radical desapego, da renúncia, do abandono, da liberdade, da
não-prisão. Este, ó monges, é o Nobre Caminho, o Caminho que leva à extinção
(desta miséria, deste mar de sofrimento). Este é o único, o Nobre Óctuplo
Caminho, a saber: Correta visão, correta intenção, correta palavra, correta
ação, correto meio de subsistência, correto esforço, correta atenção e correta
concentração.
Este é a Nobre
Verdade do Sofrimento, para mim, ó monges, com referência às outras doutrinas
nunca ouvida antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a
luz nasceu.
Sem dúvida esta Nobre
Verdade do Sofrimento poderia ser compreendida por mim, ó monges, com
referência às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a
cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem
dúvida esta Nobre Verdade do Sofrimento foi compreendida por mim, ó monges, com
referência às outras doutrinas nunca ouvidas antes, o olho nasceu, a cognição
nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Esta é a Nobre
Verdade da raiz do sofrimento, para mim, ó monges, com referência às outras
doutrinas nunca foi ouvida antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria
nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta é a
Nobre Verdade que a raiz do sofrimento pode ser abandonada, por mim, ó monges,
com referência às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu,
a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta Nobre
Verdade da raiz do Sofrimento foi abandonada, para mim, ó monges, com relação
às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição
nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem dúvida
esta é a Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento, para mim, ó monges, com
relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a
cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta Nobre
Verdade da extinção do Sofrimento pode ser realizada, para mim, ó monges, com
relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a
cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem
dúvida esta Nobre Verdade da extinção do Sofrimento foi realizada ...
Sem dúvida este é o
Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento ... Sem dúvida este Nobre
Caminho que leva à extinção do Sofrimento pode ser desenvolvido ... Sem dúvida
este Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento foi desenvolvido.
Enquanto, ó monges,
então, com referência a estas Quatro Nobres Verdades, os três círculos, doze
vezes repassados, a visibilidade concretamente real e clara não estava pura, eu
ainda não, ó monges, declarava ao mundo, com seus deuses e maras, brahmas,
reclusos e povo, incluindo os brâhmanes, junto com os deuses e seres humanos,
que Eu realizei a insuperável e supremamente completa iluminação. Depois de um
certo ponto, ó monges, com o olhar firme nestas Quatro Nobres Verdades, então,
os três círculos, doze vezes realizados, a visibilidade concretamente real e
clara começou a ficar pura.
Então Eu, ó monges,
na inteireza do Universo, com os devas e os maras, os brahmas, os reclusos e o
povo, incluindo os brâhmanes junto com os devas e seres humanos, declaro que Eu
realizei a insuperável completa iluminação. A luz da visão cognitiva nasceu e
ficou clara para mim. A soltura e amplidão de minha mente com nada é
perturbada. Este é o meu último nascimento. Não há mais um futuro vir-a-ser
agora”.
O Sublime disse isto.
Os monges que pertenciam ao grupo dos cinco ficaram felizes e aprovaram as
palavras do Sublime.
Quando esta
explicação estava bem dita, para o venerável Kondanna, nasceu o Olho do Dhamma,
livre de mancha, livre de pó (e ele disse:)
“Qualquer que seja o
real que nasça, isto tem a qualidade de morrer”.
Quando a Roda do
Dhamma foi posta a rolar pelo Sublime, os devas da terra alardearam a notícia:
“Pelo Sublime, em
Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, a insuperável Roda do Dhamma foi
posta a rolar, a qual nunca pôde ser posta a rolar por nenhum recluso ou
brâhmane ou deva ou mara ou brahma ou por ninguém deste mundo.
Tendo ouvido a
notícia dos devas da terra, os devas Catummaharajika proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em
...”
Tendo ouvido a
notícia dos devas Catummaharajika os devas Tavatinsa proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em
...”
Tendo ouvido dos
devas Tavatimsa, os devas Yamma proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em
...”
Tendo ouvido dos
devas Yama, os devas Tusita proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Tusita, os devas Nimmanarati proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas
Nimmanarati, os devas Paranimmitavasavatti proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Paranimmitavasavatti, os devas Brahmaparisajja proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Brahmaparisajja, os devas Brahmapurohita proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Brahmapurohita, os devas Mahabrahma proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Mahabrahma, os devas Parittabha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Parittabha, os devas Appamanabha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Appamanabha, os devas Abhassara proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Abhassara, os devas Parittasubha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Paritassubha, os devas Appamanasubha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Appamanasubha, os devas Subhakinhaka proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Subhakinhaka, os devas Vehapphala proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Vehapphala, os devas Aviha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Aviha, os devas Atappa proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Atappa, os devas Sudassa proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Sudassa, os devas Sudassi proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos
devas Sudassi, os devas Akanitthaka proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em
Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, a insuperável Roda do Dhamma foi
posta a rolar, a qual nunca pôde ser posta o rolar por nenhum outro asceta ou
Brâmane, ou deva ou mara, ou brahma ou por ninguém deste mundo”.
Então, naquele
momento, desde que aquela notícia foi proclamada, um grande rumor nasceu no
mundo dos Deuses. E os Dez Mil Universos estremeceram, sacudiram ruidosamente.
Grandes e ilimitadas luzes apareceram no universo, vindas de longe, do alcance
do poder dos Deuses.
Então o Sublime
proferiu uma exclamação de alegria: “De fato meu querido Kondañña atingiu o
Conhecimento, de fato meu querido Kondañña atingiu o Conhecimento!”. E por esta razão Annakondanna passou a se
chamar venerável Kondañña.
Que pela força desta
verdade você tenha vida virtuosa, longa e feliz! Que pela força desta verdade
todos os seus problemas desapareçam! Que pela força desta verdade você tenha
feliz e longa vida!
23. MAHASAMAYASUTTAM
Discurso da Grande
Assembléia
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia entre os Sákyas, na grande floresta de Kapilavatthu, em companhia de
grande multidão de monges que consistiam em quinhentos monges, Iluminados,
quando os deuses vindos dos dez elementos do mundo em grande número se reuniram
ali para ver o Sublime e a multidão dos monges.
Então, em verdade,
ocorreu aos deuses que pertenciam aos quatro estágios de pureza:
“Este Sublime
permanece entre os Sákyas, na grande floresta de Kapilavatthu, com a grande
multidão de monges consistindo em quinhentos monges todos eles Dignos. Em
verdade, os deuses dos dez elementos do mundo em largo número se reuniram ali
para verem o Sublime e a multidão dos monges. Seria oportuno que nós também nos
aproximássemos daquele lugar onde o Senhor está. E nos tendo aproximado
pudéssemos cada um de nós proferir uma estrofe na presença do Sublime”.
Então, em verdade,
aqueles deuses, no curto tempo que um homem forte leva para estender o braço,
desapareceram de onde estavam nos seus puros estágios e apareceram em frente ao
Sublime. Então aqueles deuses reverenciaram o Sublime e permaneceram de pé, ao
lado. Então, em verdade, um dos deuses que permanecia de pé ao lado proferiu
esta estrofe na presença do Sublime:
“Há uma grande
assembléia na floresta
Os devas se reuniram
aqui;
Viemos para esta
assembléia do Dhamma
Para ver a reunião
dos invencíveis.”
Então, em verdade,
outro deus proferiu esta estrofe na presença do Sublime:
“Lá os monges
tranqüilos
Afiaram suas mentes.
Como o cocheiro
tomando as rédeas
O sábio as faculdades
sensitivas.”
Então, em verdade,
outro deus proferiu esta estrofe na presença do Sublime:
“Tendo Cortado a
estaca e a travessa
Arrancado o mastro de
Indra,
Sem avidez andam,
puros e limpos
Os jovens elefantes
treinados
Pelo possuidor de
olhos.”
Então, em verdade,
outro deus proferiu esta estrofe na presença do Sublime:
“Os que foram ao
Buddha por refúgio
Não vão estar na
aflição
Quando largarem o
corpo de homem
Ocuparão o corpo de
deva.”
Então, em verdade, o
Sublime se dirigiu aos monges:
“Os deuses dos dez
elementos do mundo compareceram em grande número para ver o Conquistador e o
capítulo dos monges. Ó monges, todos os Buddhas que no passado foram Dignos,
Completamente Iluminados, diante de si também tiveram igual a esta uma reunião
de deuses em assembléia como agora diante de mim. Ó monges, sempre que no
futuro houver Dignos, Completamente Iluminados, diante desses Senhores também
uma similar reunião de deuses ocorrerá em assembléia como agora diante de mim.
Eu posso dizer para vocês, ó monges, os nomes dos grupos de deuses; Eu posso
proclamar para vocês, ó monges, o nome dos grupos de deuses; Eu posso falar
para vocês, ó monges, os nomes dos grupos de deuses. Ouçam isto, e guardem bem
nas suas memórias. Eu posso falar”.
“Sim, Senhor”, em verdade aqueles monges responderam para o Sublime.
O Sublime falou
assim:
1. “Eu posso recitar um recitativo
Onde apareçam os
deuses da terra
Com os lugares
dependentes de cada um.
Aqueles associados a
montanhas e cavernas
De resoluto poder,
mas tranqüilos
2. Outros, enclausurados feito leões em jaulas,
Dominando os horrores
Com mente clara,
pura,
Impolutos,
inatingíveis”.
3. Conhecendo aqueles mais de quinhentos
Na floresta
Kapilavatthu.
Assim o Mestre se
dirigiu aos discípulos
Amantes do
Ensinamento:
4. “A multidão dos devas se reuniu
Conhecendo-os bem, ó
monges”
E aqueles monges se
prosternaram
Tendo ouvido isto do
Buddha.
5. Para eles nasce o Conhecimento
de ver os não-humanos.
Alguns vêem cem
Outro mil, outros
setenta mil.
6. Alguns viram cem mil não-humanos
Alguns outros viram
inumeráveis
Em todas as direções
penetrando
7. Todos reconheceram o Buddha
Todos desejaram falar-lhe.
O Mestre, então,
proferiu
Para os discípulos
amados:
8. “A multidão de devas está reunida
Então, aqui, ó
monges,
Posso explicá-la para
vocês
Em palavras, gradualmente
9. Sete mil yakkhás
Da terra de
Kapilavatthu
De grande poder,
brilhantes,
Coloridos, famosos
Reunidos vieram à
floresta
Para a assembléia dos
monges.
10. Seis mil vieram
do Himalaya
Yakkhás de vária
resplandescência,
De grande poder,
brilhantes,
Coloridos, famosos
Reuniramse nesta
floresta
Para a assembléia dos
monges.
11. Da montanha
Satagiri três mil
Yakkhás de vária
resplandescência,
De grande poder,
brilhantes,
Coloridos, famosos
Reuniram-se nesta
floresta
Para a assembléia dos
monges.
12. Então estes
dezesseis mil yakkhás
De variado resplendor
Poderosos e
brilhantes
Coloridos, renomados
Reuniramse na
floresta
Para a assembléia dos
monges.
13. Da montanha
Vessamitta quinhentos
Yakkhás de variado
resplendor
Poderosos,
brilhantes, coloridos, renomados
Reuniram-se na
floresta
Para a assembléia dos
monges.
14. Kumbhira, de
Rajagaha;
Habitante do Monte
Vepulla
Mais de cem mil
yakkhás com ele
Kumbhira de Rajagaha
Ele veio à
assembléia.
15. Do Oriente, onde
governa,
Veio o Rei
Dhatarattha;
O Senhor dos
gandhabbas,
O grande e famoso Rei
Ele tem muitos filhos
De nome Inda, de
grande poder,
Poderosos,
brilhantes, coloridos, renomados
Eles vieram à
assembléia.
16. Do Sul, que
governa,
Veio o Rei Virulha
O Senhor dos
Kumbhandas,
O grande Rei renomado.
Também tem muitos
filhos
De nome Inda, de
grande poderes,
Poderosos,
brilhantes, coloridos, renomados
Eles vieram à
assembléia.
17. Do Oeste, onde
governa
Veio Rei Virupakkha
O Senhor dos Nagas
O grande Rei,
renomado
Que também tem muitos
filhos
De nome Inda, de
grande poder
Poderosos,
brilhantes, coloridos, renomados
Eles vieram à
assembléia
18. Do Norte, onde
governa
Veio o Rei Kuvera
O Senhor dos yakkhás,
O grande e famoso Rei
Também tem muitos
filhos
De nome Inda, de
grande poder
Poderosos, brilhantes,
coloridos, renomados
Reunidos vieram à
assembléia
19. Do Oriente
Dhatarattha
Do Sul Virulhaka
Do Oeste Virupakkha
Kuvera do lado Norte
Esses quatro grandes
reis
De todas as quatro
direções
Flamejantes, vieram.
À floresta de
Kapilavatthu.
20. Vieram seus
fraudulentos escravos
Enganadores e hábeis
Fraudulento Kutendu e
Vetendu
Junto com Vitucca e
Vituda
Condana e Kamasettha,
Kinnughandu e
Nighandu,
Panada e Opamañña
E Matali o deva filho
E o gandabbha
Chittasena
Rei Nala, Janesabha.
Veio também Pancasikha
Timbaru,
Suriyavaccasa.
Eles e os outros reis
Junto com seus
Gandhabbas
Para a assembléia dos
monges.
21. Então vieram
nagas do lago Nabhasa. Nagas de Visala com seu séquito. Os Tacchakas, os Kambalas e os Assataras
vieram. Também nagas da passagem do rio Payaga juntos com seus parentes. Nagas
do rio Yamuna e os Dhataratthas, vieram as renomados nagas. O Grande Naga
Eravana, ele também veio da floresta para a assembléia.
22. Aqueles que
venceram os reis Nagas aparecem de súbito. Os divinos, duas vezes nascidos,
alados, possuidores de olhos muito claros; eles, através do espaço, alcançaram
o meio da floresta. Citra e Supanna são seus nomes. Eles são livres de medo.
Então, para os reis Nagas o Buddha fez uma proteção, contra os supannas “de
belas asas”, e sendo reconciliados com doces palavras, os Nagas e os Supannas
juntos vieram tomar refúgio no Buddha.
23. Pelo Portador dos
Raios (Sakka, Rei dos Deuses, ou Indra) foram derrotados os assuras, associados
ao oceano; eles são irmãos de Vasava (Sakka), poderosos e renomados.
24. Entre eles o
altamente terrível Kalakanjas e o Danaveghasa, asuras, Vepacitti e Sicitti,
Paharada e Namuci, centenas de irmãos de Bali, todos de nome Veroca, armados
com as armas de Bali, vêm ao augusto Rahu e diz em: “Que você tenha boa sorte;
agora é tempo da assembléia dos monges da floresta”.
25. Os Devas Apo (da
água) e Pathavi (da terra), o Tejo (do jogo) e o Vayo (do vento) vieram aqui;
os devas Varuna e Vaaruna, e Soma, com Yasa, os Mettakayitas (cujos corpos são
feitos de bondade) e os Karumakayikas (cujos corpos são feitos de compaixão),
esses renomados devas vieram; aqueles dez de dez tipos, todos de variada
coloração, poderosos, gloriosos, juntos vieram à assembléia.
26. Os Devas Venhu e
os Sahali, os Asamas e os dois Yamas; os devas associados a Canda (lua),
vieram, com Canda à frente deles.
27. Os devas
associados a Suriya (sol), vieram com Suriya à frente deles; os devas
associados às constelações, com as constelações à frente deles; veio
Mandavalahaka; o Melhor dos Vasus, Vasava, também chamado Purindada (Quebrador
dos Muros das Fortalezas), nomeadamente Sakka, também veio; aqueles dez de dez
tipos, todos de grandes faiscações, poderosos, resplendorosos, coloridos,
gloriosos, reunidos vieram à assembléia.
28. Então vieram os
devas Sahabbhu, luzentes como a chama do
fogo; Aritthakas e Rojas, brilhantes como a flor do linho. Os Varunas e os
Sahadhammas, Accutas e Anejakas, Suleyyas e Ruciras vieram, e Vasavanesis,
aqueles dez de dez tipos, todos de grandes faiscações poderosos, majestáticos,
resplendorosos, coloridos, gloriosos, reunidos vieram à assembléia.
29. Samanas,
Mahasamanas, Manusas, Manusuttamas, Khiddapadusikas vieram, e os Manopadusikas.
Então veio os Haridevas, e aqueles Lohitavasino, Paragas, Mahaparagas, vieram
os deuses gloriosos. Aqueles dez de dez tipos, de grandes faiscações,
majestáticos, resplendorosos, cintilantes, gloriosos, reunidos vieram à
assembléia.
30. Sukkas, Karumhas,
Arunas, vieram com os Veghanasas; Odatagayhas, os Chefes; os Devas Vicakkhana
vieram; Sadamattas, Haragajas, e Missakas gloriosos. Trovejando veio Pajjunna, que faz chover em
todas as direções. Aqueles dez de dez tipos, de grandes faiscações,
majestáticos, resplendorosos, cintilantes, gloriosos, reunidos vieram à
assembléia.
31. Khemiyas,
Tusitas, Yamas e Katthakas, os gloriosos, Lambitakas, Lamasetthas, os Jotis e
Asavas; os Nimmanarati vieram. Então os Paranimmita. Aqueles dez de dez tipos,
de grandes faiscações, majestáticos, resplendorosos, cintilantes, gloriosos,
reunidos vieram à assembléia.
32. Aqueles sessenta
grupos de devas de grandes faiscações vieram, de acordo com seus nomes e outros
devas juntos com outros de categorias similares.
33. (Eles dizem:)
“Nós queremos ver o Naga, Aquele que cruzou a corrente, Aquele que é como a Lua
que veio por trás da noite, (e a Sangha) que desmontaram a habitação do
nascimento, livres das estacas, que cruzaram a corrente, livres dos
estimulantes”.
34. Subrahman e
Paramatta, os filhos do físico, junto com Sanamkumara e Tissa, vieram à
assembléia.
35. Do mundo dos
brahmas mil, acima de outros níveis apareceu Mahabrahma, nascido faiscante, de
corpo surpreendentemente aterrorizador e glorioso.
36. Dez chefes vieram
dentre eles, auto-governantes, e no meio deles veio Harita, cercado por outros.
37. Quando todos eles
se aproximarem com Inda, os devas e os brahmas, agora apareceram as forças de
Mara. “Vejam a loucura do Noturno”.
38. Ele vem e ataca
com a paixão, em verdade, aos pulos, cercando-os inteiramente; não deixa nenhum
dos seus libertar ninguém.
39. “Eis, aí, o
Grande Comandante” (Mara); enviados soldados de Mara. Tendo batido o chão com a
palma de sua mão, Mara provocou um apavorante som.
40. Como uma nuvem
durante a estação chuvosa, troveja com clarões e passa, assim ele se retirou,
odiado, incapaz de tomar os devas sob seu controle.
41. Possuindo a
totalidade do conhecimento em toda a sua extensão, e desejando falar, O Que Tem
Olhos (o Buddha), o Instrutor, então se dirigiu aos discípulos que amavam a
Doutrina: “As forças de Mara chegaram; observem-nas, então, ó Monges”. E os
monges ficaram atentos, advertidos pelo Buddha. E as forças de Mara se
retiraram, para eles que subtraíram as paixões, e as forças de Mara não
conseguiram nem mesmo estremecer um fio de seus cabelos.
42. Todos os que
venceram a guerra, vão além do medo, os gloriosos; alegram-se com os seres
divinos, aqueles discípulos, bem conhecidos entre os homens.
24. ALAVAKASUTTAM
Discurso para Álavaka
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Louvado
permanecia em Alavi, no lugar onde morava o yakkha Álavaka, então o yakkha
Álavaka se aproximou de onde estava o Louvado. Tendo-se aproximado falou para o
Louvado desta forma: “Saia, asceta”. “Sim, amigo”, “Entre, asceta”. “Sim,
amigo” entrou o Sublime.
Pela segunda vez, em
verdade, o yakkha Álavaka disse para o Sublime assim: “Saia, asceta”. “Sim,
amigo”, o Louvado saiu. “Entre, asceta”, o Louvado entrou.
Pela terceira vez ...
Pela quarta vez, em
verdade, o yakkha Álavaka falou: “Saia, asceta” e o Louvado respondeu: “Eu não
vou sair, em verdade, amigo. Seja o que você quiser fazer, faça”. (Então
Álavaka disse:) “Eu quero, ó asceta, perguntar-lhe uma questão. Se você não a
explicar, vou virar sua mente ou fazer a sua cabeça em pedaços, ou segurando
pelo pé vou lançá-lo do outro lado do rio”. (O Louvado disse:) “Eu não vejo, em
verdade, ó amigo, ninguém no mundo entre os devas, ou entre os maras, ou entre
os brahmas, ou entre os seres com seus ascetas e brâmanes e devas e seres
humanos quem possa virar minha mente ou fazer minha cabeça em pedaços, ou
tomando-me por um pé lançar-me do outro lado do rio. Entretanto, amigo,
questione-me sobre o que você desejar”. Então, em verdade, o yakkha Álavaka
falou para o Louvado numa estrofe:
1. Neste mundo qual a
melhor riqueza? O que, quando bem praticado, produz felicidade? Qual é o melhor
sabor? Qual é a melhor vida para um ser viver?
2. (O Louvado respondeu:)
Neste mundo a fé é a
maior riqueza. Correção bem praticada traz felicidade.
A verdade tem o
melhor sabor. Melhor é a vida do homem que vive com sabedoria.
3. (Álavaka:)
Como cruzar a
corrente? Como cruzar o oceano? Como ficar além do sofrimento? Como alguém pode
se purificar?
4. (O Louvado:)
Como fé se cruza a
corrente. Com diligência se cruza o oceano. Com esforço se vai além do
sofrimento. Com sabedoria o homem se purifica.
5. (Álavaka:)
Como alguém obtém
sabedoria? Como ganhar riqueza? Como atingir a fama? Como fazer amigos? Deste
para o próximo mundo, tendo ido, como o homem não se lamenta?
6. (O Louvado:)
Tendo fé nos Dignos
Iluminados, na Doutrina, para atingir o Nibbana, e desejando ouvir a Doutrina
alguém obtém sabedoria; com diligência e atenção, fazendo o que é próprio, com
responsabilidade, sendo enérgico se ganha riqueza. Atinge-se a fama pela
verdade. O generoso ganha amigos. Quem tiver aquelas quatro qualidades, aquela
fiel família, chamadas “verdade, autocontrole, coragem e generosidade”, para
ele lamento não haverá, quando já tiver partido.
7. Pois pergunte
também aos outros, muitos reclusos e brâmanes, se há alguma coisa mais, além da
verdade, autocontrole, generosidade e coragem.
8. (Álavaka:)
Por que poderia eu
agora questionar muitos outros ascetas e brâmanes? Hoje eu sei o que no próximo mundo traz
benefício.
9. Em verdade, para
meu benefício, o Buddha veio passar por Alavi. Eu sei hoje onde e o que faz
recolher muitos frutos.
10. Peregrinarei de
vila em vila, de cidade em cidade, homenageando o Completo Iluminado e as boas
qualidades do Dhamma.
Depois de isto dizer,
o yakhla Álavaka falou assim ao Abençoado:
“Isto é extremamente
maravilhoso, ó respeitável Gotama, é extremamente maravilhoso, ó respeitável
Gotama. Como se desvirasse o vaso emborcado, ou como o que estivesse fechado se
abrisse, ou como uma via para quem se tivesse perdido, como uma lâmpada de óleo
na noite escura, desejando: “possam os que tiverem olhos verem as formas”; em
similar maneira o Dhamma foi bem declarado pelo respeitável Gotama de muitas
maneiras. Que eu possa tomar refúgio no respeitável Gotama, no Dhamma e na
Sangha de Bhikkhus (monges mendicantes). Possa o respeitável Gotama considerar-me
um discípulo leigo, em quem desde hoje até o fim da minha vida tomarei este
refúgio.
25.
KASIBHARADVAJASUTTAM
Discurso sobre
Kasibharadvaja
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Louvado
permanecia em Magadha, no (mosteiro) Dakkhinagiri, na vila brâmane de Ekanala.
E naquele tempo, em verdade, cerca de quinhentas charruas para arar do brâmane
Kasibharadvaja estavam ocupadas durante o tempo de semeadura. Então, em verdade, o Sublime, pela manhã,
vestindo-se e tomando cuia e manto, aproximou-se de onde o trabalho do brâmane
Kasibharadvaja se realizava. E, naquela hora, em verdade, a distribuição de
comida pelo brâmane Kasibharadvaja estava sendo carreada. Então, em verdade, o
Sublime se aproximou do local onde se fazia a distribuição de comida.
Tendo-se aproximado,
manteve-se de pé ao lado. O brâmane Kasibharadvaja viu o Sublime esperando por
comida. Tendo-o visto, falou então para
o Sublime: “Em verdade, ó asceta, eu aro e semeio. Tendo arado e semeado, eu
como. Você, ó asceta, também ara e semeia. Tendo arado e semeado, você come”.
(O Sublime disse:) “Ó
brahmane, Eu em verdade também arei e semeei. Tendo arado e semeado, eu como”.
(Kasibharadvaja:)
“Nós, em verdade, nunca vimos nem a parelha, nem a charrua para arar, nem a
relha do arado, nem a cabra, nem o boi que pertençam ao honorável Gotama”.
Então, mais, o
venerável Gotama disse assim: “Eu também, em verdade, ó brâmane, arei e semeei.
Tendo arado e semeado. Eu como”.
Então, em verdade, o
brâmane Kasibharadvaja falou para o Sublime uma estrofe:
1. Você admite que
arou; mas não vemos seu arado; sendo questionado por nós sobre isto, mostre o
arar que possamos ver.
2. (O Sublime:) “A fé
é a semente, a devoção mental é a chuva; a sabedoria minha parelha e arado;
humildade, a vara de arar; a mente, o laço da parelha; plena atenção, a relha
do arado e a cabra.
3. O corpo está
controlado, as palavras também, a alimentação controlada de acordo com o
estômago, faço da verdade o ceifeiro, o freio minha emancipação.
4. Aquele esforço de
escavação é apto a ser emparelhado para a junta, o carregador para a paz
derivada da bondade, vai sem uma parada, para onde vão os que não se lamentam.
5. Assim o arar tem
sido arado por mim; o que leva aos frutos da imortalidade: Quem arar este arar
se libertará do sofrimento”.
Então, em verdade, o
brâmane Kasibharadvaja providenciou arroz com leite dentro de uma larga tigela
de ouro e ofereceu ao Sublime, dizendo: “Possa o respeitável Gotame partilhar
do arroz com leite, o respeitável Lavrador, o respeitável Gotama que ara o
arroz que produz imortal fruto”.
6. (O Sublime:) “O
que é ganho cantando versos não pode ser comido por mim; ó brâmane, tal não é a
natureza das coisas para quem claramente vê. Os Buddhas absolutamente afastam o
que é ganho cantando. Quando há boa conduta, ó brâmane, esta é o meio de vida.
7. Outro grande sábio
que é todo realizado, destruídas as influências, acalmado o aborrecimento,
atende com comida e bebida; este é o campo só para quem só espera mérito”.
(Kasibharadvaja:)
“Então para quem posso eu ofertar, respeitável Gotama, este arroz com leite?”
(O Sublime:) “Em
verdade, ó brâmane, Eu não vejo no mundo, com todos os devas, Maras e brahmas,
ou entre os seres, com os ascetas, e brâmanes, com seus devas e seres humanos,
quem possa comer este arroz com leite, sendo bem digerido, exceto o
Conquistador, ou o discípulo do Conquistador. Entretanto, em verdade, você, ó
brâmane, deite este arroz com leite num lugar deserto onde não haja verde ou
numa água onde não haja seres vivos”.
Então, em verdade, o
brâmane Kasibharadvaja deitou aquele arroz com leite numa água morta, onde não
havia seres vivos. E aquele arroz com leite quando inserido na água começou a
efervescer, a sibilar, soltando grossa fumaça, expelindo forte exalação
fumegante. Como um arado aquecido sob o sol durante o dia, quando inserido na
água começa a efervescer, a sibilar, similarmente aquele arroz com leite quando
depositado na água efervesceu. Então o brâmane Kasibharadvaja, agitado,
horrorizado, se aproximou de onde estava o Sublime, deitando-se diante dele com
a cabeça a seus pés, e falou: “É extremamente incrível, ó respeitável Gotama, é
extremamente incrível. Como se desviasse o vaso emborcado, ou como o que estivesse
fechado se abrisse, ou uma via para quem se tivesse perdido, ou uma lâmpada de
óleo na noite escura, desta maneira o Dhamma foi bem declarado pelo respeitável
Gotama de diversos modos. Eu me refúgio no respeitável Gotama, no Dhamma e na
multidão dos monges. Possa eu receber ordenação na sua presença, possa eu
receber a alta ordenação”.
O brâmane
Kasibharadvaja recebeu a ordenação na presença do Sublime, ele recebeu a alta
ordenação.
Então não muito
depois de ordenado, vivendo de esmolas, retirado, diligente, zeloso, de
resoluta vontade, não muito depois, ainda em vida, ele havia realizado, através
da introspecção, aquele Estado para o qual a vida pura é o fim, o qual é
incomparável, para o qual jovens de boa família corretamente deixam suas
famílias e são ordenados, similares, conseguindo seus objetivos em vida. Ele
estava cônscio de que o nascimento se extinguira, a vida pura havia sido
vivida, os trabalhos realizados, cônscio de que não havia nada além daquele
movimento de vir-a-ser. Então o venerável Bharadvaja se tornou um Arahant!
26. PARABHAVASUTTAM
Discurso sobre a
ruína
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, no Bosque Jeta, no parque de Anathapindika, quando,
estando a noite já muito avançada, uma divindade de surpreendente faiscação,
iluminando inteiramente o Bosque Jeta, se aproximou de onde estava o Sublime. E
tendo chegado reverenciou-O, permanecendo a seu lado, após o que proferiu para
Ele a seguinte estrofe:
1. Quem ou o que arruina o homem?
Perguntamos a você,
Gotama.
Vimos ao Sublime
perguntar
Qual a causa do homem
arruinado.
2. (O Sublime:)
A prosperidade é facilmente reconhecida.
A ruína também é;
A virtude faz o homem
próspero
A imperfeição é sua
ruína.
3. (A Divindade:) Isto na verdade sabemos
Esta primeira causa
da ruína.
Que o Sublime nós
diga a segunda.
Causa da ruína do
homem?
4 Ele gosta do Mal
Ele detesta o Bem
Ele segue a doutrina
do Mal
E isto é sua ruína.
5. (A Divindade:) Isto na verdade sabemos
Esta segunda causa da
ruína
Que o Sublime nos
diga a terceira
Causa da ruína do
arruinado.
6. (O Sublime:) Amigo do sono, influenciável
pela companhia
Aquele homem inerte,
preguiçoso, fraco
Sua marca distintiva
é o ódio
E isto é causa de sua
ruína.
7. Isto na verdade sabemos
Esta terceira causa.
Que o Sublime nos
diga a quarta
Causa do arruinado.
8. Ele é quem, sendo rico,
Não cuida da mãe e do
pai
Que perderam a
mocidade.
E isto é causa de sua
ruína.
9. Isto na verdade sabemos,
Esta é a quarta
causa.
Que o Sublime nos
diga a quinta
Causa do arruinado.
10. Ele é quem, sendo
brâmane,
Asceta ou caminhante,
Engana pela mentira,
Isto causa sua ruína.
11. Isto até que
sabemos
A quinta causa da
ruína.
Que o Sublime nos dê
a sexta
Causa da ruína do
homem.
12. Ele tem imensa
fortuna
Como ouro, como
terras
E sozinho come
manjares.
Isto vai arruiná-lo.
13. Até que isto
sabemos
Esta sexta causa da
ruína.
Ó Senhor, dê-nos a
sétima
Causa do homem
arruinado.
14. Racista,
discriminando os homens pela riqueza,
Ele é obstinado por
sua classe social.
Despreza os parentes
pobres.
Isso é causa de
ruína.
15. Mas isso sabemos
nós
Sétima causa da
ruína.
Dê-nos agora a oitava
Causa do homem
arruinado.
16. Sensual e
beberrão
Ele gosta de jogar a
dinheiro
E gasta tudo o que
ganha
Isto é causa da
ruína.
17. Mas já sabemos
nós
Oitava causa é esta.
Dê-nos agora a nona,
Causa do arruinamento
do homem.
18. Insatisfeito com
sua esposa
Ele procura cortesãs
E mesmo mulheres
casadas
Isto causa sua ruína.
19. Sim sabemos nós
Esta causa é a nona.
Mas, Buddha, dê-nos a
décima
Causa da ruína do
homem.
20. Com uma menina
nova
O velho é visto
casar.
De ciúme ele não
dorme
E isto causa sua
ruína.
21. Mas já sabemos
nós
As dez causas da
ruína
A décima-primeira
causa
Diga-nos agora pois.
22. A uma mulher
gastadora
Ou a um homem de
igual sorte
Ele entrega a direção
de seus bens.
Isto causa a sua
ruína.
23. É o que sabemos
nós,
Décima-primeira causa
de ruína
Senhor, a décima-segunda
Fale agora para nós.
24. (O Sublime:) Com
pouca fortuna e muito apego
Em família real nato.
E deseja governar.
Isto causa sua ruína.
25. (O Sublime:)
Neste mundo, estas ruínas
O Sábio as considera.
O nobre homem,
criterioso,
Se associa à
segurança.
27. VASALASUTTAM
Discurso sobre os
proscritos
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Savatthi, no Bosque Jeta, no Parque de Anathapindika quando, pela
manhã, vestindo-se e tomando a cuia e o manto entrou em Savatthi para alimentar-se.
Neste tempo, então, na casa do brâmane Aggikabbharadvja o fogo estava aceso e
começava a oblação. O Sublime, como andava de casa em casa para esmolar comida,
aproximou-se da residência do brâmane Aggikabharadvaja que, vendo-O ao longe,
gritou: “Careca, fica longe, asceta, lá, proscrito, lá”. Quando isto foi dito,
o Sublime falou para o brâmane Aggikabharadvaja assim:
“Ó brâmane, você sabe quem é um proscrito ou
quais as condições fazem um proscrito?”.
“Eu, na realidade não sei, venerável Gotama,
quem é um proscrito ou as condições que o fazem. Gostaria que o venerável
Gomata mas dissesse para que eu pudesse saber”.
“Então, ó brâmane, ouça e guarde bem na sua
mente. Eu vou dizer”.
Sim, Senhor”, respondeu o brâmane
Aggikabharadvaja para o Sublime.
O Sublime falou
assim:
1. Se um homem é mal e hipócrita,
Tendo ódio e má-vontade,
Escondendo à visão,
enganador
Conheça-o como um
proscrito.
2. Uma ou duas vezes nascido
Aqui, seres vivos, se
alguém os fere
Não tendo nenhum amor
pelos vivos,
Conheça-o como
proscrito.
3. Ele que destrói e sitia
Vilas e subúrbios
Visto como destruidor
Conheça-o como proscrito.
4. Na cidade ou no campo
Aquilo que pertence
aos outros
Através do roubo toma
o que não lhe vem.
Conheça-o como proscrito.
5. Quem, em verdade, tomando emprestado
Ou sendo responsável,
vai-se embora
Dizendo “Não há
empréstimo devido a você”
Conheça-o como proscrito.
6. Quem, desejoso de algo
Na estrada
freqüentada pelo povo
Mata e assalta de
qualquer maneira
Conheça-o como proscrito.
7. Quem, para ganhar para si ou para os outros
Ou para aquisição de
fortuna
Chamado a testemunhar
diz o que não é verdade
Conheça-o como
proscrito.
8. Quem, seja dos parentes ou dos amigos
Entre as esposas é
visto
Seja pela força ou
mútuo consentimento
Conheça-o como
proscrito.
9. Quem, tendo a mãe ou o pai
Velhos, da mocidade
afastados,
Sendo rico não os
mantêm.
Conheça-o como proscrito.
10. Quem, à mãe, ao
pai,
Ao irmão, à irmã, aos
cunhados
Magoa e agride com a
fala
Conheça-o como proscrito.
11. Quem, perguntado
sobre a moralidade
Aconselha o
prejudicial
Dá dissimulados
conselhos
Conheça-o como proscrito.
12. Quem, tendo feito
uma ação perversa
Deseja: “Que não me tenham visto”.
Quem é de ação
escondida
Conheça-o como proscrito.
13. Quem, tendo ido a
casa de outro,
E adequadamente comeu
e bebeu
Dele não cuida quando
ele chega
Conheça-o como proscrito.
14. Quem, a um
brâmane ou asceta,
Ou a algum outro
caminhante,
Engana com impostura
Conheça-o como proscrito.
15. Quem, a um
brâmane ou asceta,
Na hora em que os
monges esmolam
Vocifera e não dá
comida
Conheça-o como
proscrito.
16. Quem, dizendo o
que não é real,
Tomado pela paixão
Deseja qualquer coisa
Conheça-o como proscrito
17. Quem louva a si
próprio
E despreza os demais
Diminui-os por seu
orgulho
Conheça-o como
proscrito.
18. Irado e mesquinho
Desejoso do mal,
avaro, astucioso
Impudico,
inescrupuloso
Conheça-o como
proscrito.
19. Quem ultraja o
Buddha
A qualquer discípulo
seu,
A um viajante ou a um
dono de casa
Conheça-o como
proscrito.
20. Quem, sem ser um
Digno
Professa como Digno
É ladrão no mundo,
incluindo os brâmanes,
Este, em verdade, é o
pior dos proscritos
Eles, em verdade, têm
falado como proscritos
Por mim, eles são
declarados assim para você.
21. Pelo nascimento
ninguém é proscrito
Pelo nascimento
ninguém é brâmane (ou nobre)
Pela ação alguém é
proscrito
Pela ação alguém é
brâmane (ou nobre)
22. Conheça aquilo
por isto
Justamente este é o
exemplo:
Sopaka, filho de um
proscrito,
Mais conhecido como
Matanga,
Alcançou a mais alta
fama
Este Matanga, de fama
mui rara.
Vinham a ele, por
atenção,
Os Khattiyas
(realezas) e os brâmanes.
Ele, ascendendo a
divina carruagem,
Ele, que é livre de
paixão, de grande caminho,
Abandonando o desejo
e a paixão
Foi para o mundo dos
Brahmas (deuses).
23. Seu nascimento
não o impediu
De nascer no mundo
dos deuses.
Nascidos em família
erudita
Brâmanes,
concernentes aos mantras,
Eles por má ação,
São vistos
constantemente
Neste mundo mesmo
censuráveis.
Depois deste mundo
(vão) a um estágio de sofrimento
O nascimento não os
impediu
De ir a um estágio de
sofrimento
Ou censura.
24. Pelo nascimento ninguém
é um proscrito
Pelo nascimento
ninguém é um brâmane,
Pela ação alguém é
proscrito
Pela ação alguém é
brâmane.
Quando isto foi dito,
o brâmane Aggikabharadvaja falou para o Sublime assim: “Excelente, ó venerável
Gotama, Excelente, ó venerável Gotama. Como se desvirasse o vaso emborcado, ou
como o que estivesse fechado se abrisse, ou uma via para quem se tivesse
perdido, uma lâmpada de óleo na noite escura, com o pensamento: “Quem tiver
olhos que veja as formas”, assim o venerável Gotama, de diversos modos,
declarou o Dhamma. Que eu tome refúgio no venerável Gotama, no Dhamma e na
multidão dos monges. Possa eu ser aceito como leigo até o fim de minha vida.
#
28.
SACCAVIBHANGASUTTAM
Discurso da
Classificação das Verdades
Assim foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Baranasi, Isipatana, Parque das Gazelas, quando se dirigiu aos
monges: “pelo Conquistador, ó Monges, pelo Digno, pelo Supremamente Iluminado a
insuperável Roda do Dhamma foi posta em Ação, o que não pode ser revertido por
nenhum asceta, ou brâmane, ou deva, ou mara, ou brahma ou por ninguém neste
mundo, que é o anúncio, a instrução, a descoberta, a classificação, a abertura,
a distinção, a manifestação das Quatro Nobres Verdades. Quais são as
quatro? O anúncio ..... a manifestação
da Nobre Verdade do Sofrimento. O anúncio ..... da Nobre Verdade do surgir do
Sofrimento. O anúncio da Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento. O anúncio da
Nobre Verdade do Caminho que leva à Extinção do Sofrimento, o anúncio das
Quatro Nobres Verdades, ó monges, associado a Sariputta e Moggallana, mantendo
a companhia de Sariputta e Moggallana. Eles são monges sábios e puros que
ajudam. Como uma mãe é Sariputta. Como uma ama de leite é Moggallana, Ó monges.
Sariputta apontou para o fruto de Sotapatti. Moggallana experimentou o
altíssimo benefício da Nibbana. Sariputta, ó monges, é capaz de anunciar,
instruir, abrir, expor, desenvolver, distinguir, manifestar as Quatro Nobres
Verdades em detalhes”. O Sublime disse isto. Dito isto, o Conquistador, tendo-se
levantado, foi para o Mosteiro. Então, em verdade, o Venerável Sariputta, não
muito depois de ter saído o Sublime, se dirigiu aos monges: “Ó amigos
monges”. “(Sim) amigo”, responderam
aqueles monges para o venerável Sariputta.
O Venerável Sariputta
falou então: “Pelo Conquistador, ó amigos, ..... o anúncio das Quatro Nobres
Verdades.
“Que é, ó amigos, a
Nobre Verdade do Sofrimento? Nascer é sofrimento, velhice é sofrimento, doença
é sofrimento, morte é sofrimento, tristeza, lamentação, sofrimento corporal,
depressão e desassossego são sofrimentos, quando não se consegue aquilo que se
deseja também é sofrimento. De modo que os cinco agregados do apego são
sofrimento.
O que é nascer, ó
amigos? Aquele nascimento, o levantar, a entrada, o renascimento, o aparecer
dos agregados, ganhando espaço, nos vários seres em vários grupos de seres isto, amigos, é dito ser nascimento.
O que é velhice, ó
amigos? Aquela decadência, o declínio da capacidade, a perda dos dentes, o branqueamento
e perda dos cabelos, o enrugamento da pele, o avançar da idade, o falecimento
das faculdades dos sentidos dos variados seres em vários grupos de seres isto, amigos, é dito ser velhice.
O que é morte,
amigos? Aquela saída, o ir-se, a parada, o desaparecimento, o agonizar
mortalmente, morrer, o desagregar dos cinco agregados, desintegração do corpo
dos vários seres de vários grupos de seres
isto, amigos, é dito ser a morte.
O que é tristeza,
amigos? Amigos, sempre que, em verdade, a tristeza, a luto, a angústia, a
tristeza latente, a muito interna mágoa de que alguém é possuído por causa de
várias infelicidades e afetada por várias formas de sofrimento isto, amigos, é dito ser tristeza.
O que é lamentação,
amigos? Sempre que, em verdade, gritando, chorando, deplorando, lamentando, em
estado de miséria, lamentavelmente, se alguém é possuído por várias
infelicidades e afetado por várias formas de sofrimento isto, amigos, é dito ser lamentação.
O que é sofrimento
corporal, amigos? Sempre que, em verdade, amigos, sofrimento corporal, sensação
corporal desagradável, sofrimento do contato desagradável com o corpo, é
experimentado isto, amigos, é dito ser
sofrimento.
O que é depressão,
amigos? Sempre que, amigos, o sofrimento deriva do pensamento, desagradável, o
sofrimento nascido do contato desagradável com a mente, é experimentado isto, amigos, é dito ser depressão.
O que é desassossego,
amigos? Toda vez que, em verdade, amigos, aborrecimentos, inquietação, mal-estar,
importunação, de que alguém é possuído por várias infelicidades e afetado de
várias formas de sofrimento isto,
amigos, é dito ser desassossego.
O que é, amigo,
“quando alguém não consegue o que é desejado que é também sofrimento?”
Amigos, para aqueles
que têm a natureza de ter nascido, o desejo é sobre esta sorte: o
nascimento “Oh! Em verdade se nós não
tivéssemos a natureza de ser nascidos! Que nascimento não mais aconteça para
nós”. E isto não pode ser conseguido através deste desejo. Isto é também:
“quando alguém não consegue o que é desejado que também é sofrimento?”
Amigos, para aqueles
que, tendo a natureza de ficarem velhos, o desejo desta sorte aparece: “Oh! Em
verdade, se eu não tivesse a natureza de ficar velho! que a velhice não venha
para nós”. E isto não pode ser conseguido através deste desejo. Isto é
também: “quando alguém não consegue o
que é desejado que também é sofrimento”.
Amigos, para aqueles
que têm a natureza de ficarem doentes, o desejo desta sorte nasce: “Oh! Em
verdade se nós não tivéssemos a natureza de ficarmos doentes! possa a doença
não vir para nós”. E isto não pode ser conseguido através deste desejo. Isto é
também: “quando alguém não consegue o que é desejado o que também é
sofrimento”.
Amigos, para aqueles
que têm a natureza de morrer, um desejo desta sorte nasce: “Oh! Em verdade se
nós não tivéssemos a natureza de morrer! possa a morte não chegar para nós”.
Mas isto não pode ser conseguido através deste desejo. Isto é também “quando
alguém não consegue o que deseja que é também sofrimento”.
Amigos, para os seres
que têm a natureza da tristeza, da lamentação, do sofrimento corporal, da
depressão e desassossego, de não ter o que deseja ...
Amigos, os cinco
agregados do apego são sofrimento: O agregado do apego chamado qualidades
materiais (corpo), o agregado do apego chamado sensação, o agregado do desejo
chamado percepção, o agregado do desejo chamado coeficiente da consciência
(pensamentos), o agregado do desejo chamado consciência. Esta, amigos, é dita
ser a Nobre Verdade do Sofrimento.
Amigos, o que é a
Nobre Verdade do Levantar do Sofrimento? Este é o desejo que resulta em
renascimento, acompanhada da paixão, deleite, ter deleite nisto e naquilo, a
saber: ânsia por prazeres sensuais, ânsia por vir-a-ser, ânsia por não vir-a-ser.
Amigos, esta é dita a Nobre Verdade do Levantar do Sofrimento.
Amigos, o que é a
Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento? A extinção daquele desejo sem nenhum
resíduo e com indiferença, o desistir, a rejeição, a libertação e negação
amigos, esta é dita ser a Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento.
Amigos, o que é a
Nobre Verdade do Caminho que Leva à Extinção do Sofrimento? Este o único, o
Nobre Óctuplo Caminho, a saber: Correta perspectiva, correto pensamento,
correto falar, correta ação, correto meio de vida, correto esforço, correta
atenção, correta concentração.
O que é, amigos,
correta perspectiva? Esta é, amigos, o conhecimento do sofrimento, o
conhecimento do levantar do sofrimento, o conhecimento da extinção do
sofrimento, o conhecimento do caminho que leva à extinção do sofrimento.
Amigos, esta é dita Correta perspectiva.
O que é, amigos,
Correto Pensamento? O pensamento de
renúncia. O pensamento de liberdade da malícia, e da crueldade. Amigos, este é
dito o pensamento correto.
Amigos, o que é
Correto Falar? É abster-se da falsidade, da calúnia e da grosseria. Amigos,
este é dito o Correto Falar.
Amigos, o que é a
correta ação? É abster-se de matar, abster-se de roubar e abster-se de
adulterar. Amigos, esta é dita a Correta Ação.
Amigos, o que é
Correto Meio de Vida? Aqui, amigos, o nobre discípulo desiste de indevidos
meios de vida, e vive sua vida através de um meio de vida correto. Amigos, este
é dito o correto meio de vida.
Amigos, o que é
Correto Esforço? Aqui, amigos, o monge
produz um querer, trabalha, inicia um esforço, manipula sua mente, exercita-se
para o não nascimento do mal e maus estados da mente que não nasceram. Ele
produz um querer, trabalha, inicia um esforço, manipula sua mente, exercita-se
para a destruição do mal e maus estados da mente que nasceram. Ele produz um
querer, trabalha, inicia um esforço, manipula sua mente e exercita-se para o
nascimento de bons estados da mente que não nasceram. Ele produz um querer,
inicia um esforço, manipula sua mente, exercita-se para o estabelecimento, para
a ausência de confusão, para o crescimento, para a plenitude, para o cultivo da
mente, para a efetivação dos bons estados da mente que nasceram. Amigos, este é
dito ser o Correto Esforço.
Amigos, o que é
Correta Atenção? Aqui, amigos, o monge vive vendo no corpo um agregado, e
vigilante, observando, atento, disciplinando sua avidez pelo mundo,
disciplinando seu desânimo pelo mundo; vendo as sensações como sensações, e
vigilante, observando, atento, disciplinando sua avidez pelo mundo,
disciplinando seu desânimo pelo mundo, controlando o coração por respeito à
mente; vendo os pensamentos como pensamentos, vigilante, observando, atento,
disciplinando sua avidez pelo mundo, disciplinando seu desânimo pelo mundo;
vendo a natureza mental dos estados mentais e vigilante, observando, atento,
disciplinando sua avidez pelo mundo, disciplinando seu desânimo pelo mundo.
Amigos, esta é dita ser a Correta Atenção.
Amigos, o que é
Correta Concentração? Aqui, amigos, um monge, afastados dos prazeres sensuais,
afastado das ações inábeis, vive tendo atingido a primeira meditação, de
reflexão e investigação, nascida na quietude, entusiasmo e felicidade. Através
da tranqüilidade da reflexão e investigação, ele vive e atinge a segunda
meditação, que esclarece completamente o seu interior, com concentração da
mente, na qual não há reflexão e investigação, a qual nasce da concentração,
entusiasmo e felicidade. Ele vive indiferente ao entusiasmo e à depressão,
atento e observando, experimenta a felicidade através do corpo. Ele vive e
atinge a terceira meditação, pela qual os nobres declaram: “ele é sereno,
atento e feliz”. Pela renúncia à felicidade e pela renúncia ao sofrimento,
através da aniquilação da tranqüilidade mental, ele vive tendo atingido a
quarta meditação, que é livre do sofrimento, livre da felicidade, completamente
pura de acordo com a plena atenção e equanimidade. Amigos, esta é dita ser a
Correta Concentração.
Esta é a nobre
Verdade do Caminho que Leva à Extinção do Sofrimento.
Amigos, pelo
Conquistador, pelo Digno, pelo Supremamente Iluminado, em Baranasi, Isipatana,
no Parque das Gazelas, a insuperável Roda do Dhamma foi posta em ação. A qual
não pode ser revertida por nenhum asceta ou brâmane ou deva ou mara ou brahma
ou por ninguém neste mundo, a saber, o anúncio, a instrução, a proclamação, a
exposição, o fundamento, a manifestação, a revelação, a demonstração destas
Quatro Nobres Verdades”.
O venerável Sariputta
disse isto. Aqueles monges ficaram felizes e aprovaram o que tinha sido dito
pelo Venerável Sariputta.
29. ATANATIYASUTTAM
O recital Atanatiya
A
Isto foi ouvido por
mim:
Certa vez o Sublime
permanecia em Rajagaha, no monte Gijjhakuta, quando, em verdade, os quatro
grandes reis (das quatro direções), junto com um grande acompanhamento de
yakkhas, junto com um grande séquito de Kumbhandas, junto com grande séquito de
nagas, que guarneciam de proteção os quatro cantos, colocando grandes forças
nos quatro lados (para segurança de Sakka, o Rei dos Devas), e como a noite era
avançada, que ficou com surpreendente coloração, iluminando a totalidade do
monte Gijjhakuta, aproximaram-se de onde
o Sublime estava. Tendose aproximado, saudaram o Sublime, sentando-se a seu
lado. E, na verdade, aqueles yakkhas também alguns saudaram o Sublime e
sentaram-se pelos lados; alguns transformados em amigos, saudando o Sublime;
outros com as mãos unidas em saudação, unidas e levantadas para onde o Sublime
estava sentado; alguns anunciavam sua linhagem e se sentavam; alguns
permaneciam em silêncio e se sentavam. Então o grande Rei Vessavana que estava
sentado falou deste modo ao Sublime:
B
Em verdade há,
Senhor, yakkhas de alto poder, descontentes com o Senhor; em verdade há,
Senhor, yakkhas de alto poder, contentes com o Senhor; em verdade há, Senhor,
yakkhas de médio poder, descontentes com o Senhor; em verdade há, Senhor,
yakkhas de médio poder, contentes com o Senhor; em verdade há, Senhor, yakkhas
de baixo poder, descontentes com o Senhor; em verdade há, Senhor, yakkhas de
baixo poder, contentes com o Senhor. Em verdade, Senhor, a maior parte dos
yakkhas está descontente com o Senhor. Qual a razão disto? O Senhor, em
verdade, prega a doutrina de abster-se de matar, prega a doutrina de abster-se
de roubar, prega a doutrina de abster-se de cometer adultério, prega a doutrina
de abster-se de falar erroneamente, prega a doutrina de abster-se de licor
fermentado e destilado e intoxicantes e lugares de licenciosidade. E, Senhor,
em verdade, os yakkhas na sua maior parte não têm tido abstinência de matar,
não têm tido abstinência de falar erroneamente, não têm tido abstinência de
licores fermentados e destilados e intoxicantes e lugares de licenciosidade.
Para eles esta (doutrina) é desagradável e desfavorável.
Há, em verdade,
Senhor, discípulos do Senhor que vivem na floresta, em mosteiros perto de
florestas selvagens, que vivem distantes, com poucos ruídos, quietos, numa
atmosfera de solidão e isolamento, próprios para repousar sem serem perturbados
pelos homens e muito apropriados para a reclusão. E lá vivem yakkhas de alto
poder que estão descontentes com as palavras do Senhor.
Assim, Senhor,
aprenda a proteção “Atanatiya” para a alegria daqueles monges e também para a
guarda, proteção, liberdade, contra o prejuízo (causado por ...), para o
confortável viver dos monges, monjas, homens leigos devotos e mulheres leigas
devotas”.
Sublime nada falou
contra a idéia, permanecendo em silêncio. Então, em verdade, o Grande Rei
Vessavana, conhecendo o consentimento do Sublime, naquela hora, proferiu esta
proteção “Atanatiya”.
C
Louvado seja Vipassi,
que tem olhos e sorte. Louvado seja Sikhi, compassivo com todos os seres.
Louvado Vessabhu, perfeito no Ensino, asceta. Louvado Kakusandho, vencedor das
forças de Mara. Louvado seja Konágamano, de vida pura, o perfeito. Louvado seja
Kássapa, completo, liberto de tudo. Louvado seja Angirasa, o sakya filho,
afortunado, que explicou a Doutrina e libertou de todo o sofrer.
Para estes, que
extinguiram o mundo, que viram a clara perspectiva correta, estes, os
verdadeiros, grandiosos, experimentados, para estes, os Dignos, haja homenagem.
Benfeitor de deuses e
humanos, o Gotama, que o povo venera, que possui o mais alto saber, que conduz,
verdadeiramente grande, experimentado, para ele e todos os Buddhas haja
homenagem. Onde nasce o sol, o filho de Aditi, o círculo grande, a noite deixa
de ser.
Quando nasce o sol já
é dia, e um profundo lago existe, um oceano para onde correm os rios. Então
sabese que lá, [o leste] para onde os rios correm ao mar, lá naquela direção
governa o grande e famoso Rei, chefe dos Gandhabbas, o grande Shatarattha. Ele gosta de dança e de música, seguido pelos
Gandhabbas. Ele tem muitos filhos e foi ouvido por mim que todos têm o mesmo
nome. Uns oitenta e onze, chamados Inda, de grande poder. Eles também viram o Buddha, o Buddha, irmão
do sol. De longe reverenciam o grandioso ser e sua sabedoria. Bendito seja o
Nobre Cavalo do Homem. Bendito seja, ó mais elevado dos homens. O Senhor olha
com compreensão e os nãohumanos também o amam. Assim foi ouvido freqüentemente,
que perguntamos dessa forma: “Você reverencia o Conquistador Gotama?”. E
respondemos: “Reverenciamos o Conquistador Gotama, Possuidor do mais alto
saber, o Condutor. Louvado seja o Buddha Gotama.
D
Eles dizem para onde
a noite foi levada. E os caluniadores, difamadores, compradores de vida,
ferozes. Embusteiros, fraudulentos para
lá foram levados. Daqui, do monte Mahameru, para lá, a direção sul. O sul é
governado pelo famoso e Grande Rei, chefe dos Kumbhandas. Virulha é seu nome.
Ele gosta de dança e de música, seguido pelos Kumbhandas. Ele tem muitos filhos
... (por favor repetir a fórmula acima).
E
Quando o sol, o filho
de Aditi, o grande círculo se deita, o dia deixa de ser. É noite.
Um fundo lago existe, um mar, para onde os rios correm. E sabe-se que lá, para onde os rios correm, é
a direção oeste. O povo diz que esta direção é governada pelo grande e famoso
Rei, chefe dos nagas. Virupakka é seu nome. Ele gosta de dança e de música,
seguido pelos nagas (por favor repetir a fórmula acima).
F
Onde o encantador uttarakuru
está; onde está o belo Mahameru, lá o povo nasceu inegoístico e solteiro. Não
semeiam a semente, nem levam o arado. Colhem arroz maduro mesmo sem plantar. O
povo se diverte. Comemse ali os frutos perfumados do arroz, cozidos em vasos de
ouro; frutos destituídos de casca e de pó, descascados e puros. Os Yakkhas ali
cavalgam bois, criam animais; homens, mulheres, meninos e meninos cavalgam. Os
seguidores deste grande rei Kuvera, tomando seus coches, viajam em todas as
direções, cavalgam elefantes, cavalos, divinos coches, ali. Mansões e palanques
para o Grande Rei Kuvera, famoso, para quem existem cidades, bem construídas
nos céus. São elas: Atanata, Kusinata, Parakusinata, Natapuriya,
Parakusitanata. No Norte Kapivanta. No Oeste Janagha, Navanavatiya,
Ambaravatiya, e a cidade real de nome Alakamanda. Para Kuvera, em verdade,
Senhor, há a cidade real de nome Visana. Por isso o Grande rei Kuvera é chamado
Vessavana. Doze yakkhas, separaradamente, informam sobre Vessavana; Tatola,
Tattsla, Tatotala, Ojasi, Tejasi, Tatojasi, Sura, Raja; também Suraraja,
Arittha, Nemi, e também Aritthanemi.
Há o lago Dharani, de
lá vem a chuva. De lá banhos de chuva caem. E há o salão de audiências, chamado
Bhagalavati, onde os yakkhas se reúnem.
Lá há árvores
permanentemente carregadas de frutos. E várias espécies de pássaros. O doce
ruído de pavões e garças, e cânticos de belos cucos. Doce ruído de faisões
completa o som “Jivamjivaka”, e também os pássaros “otthavacittaka”. Aves
domésticas e caranguejos. Na floresta, as garças pokkharasataka, e papagaios da
costa da Índia, barulhentos. Os pássaros dandamanavaka aparecem belos o tempo
todo, sempre, no tanque de Kuvera.
Daqui do Monte
Mahameru, o Norte, diz o povo, é governado pelo grande rei, o famoso chefe dos
yakkhas. Kuvera é seu nome. Ele gosta de dança e de música ... (por favor
repetir a mesma fórmula acima).
G
Esta, em verdade,
Senhor, é a proteção “Atanatiya”, para guarda, proteção, liberdade dos perigos,
para o confortável viver dos monges, monjas, homens leigos, devotos e mulheres
leigas devotas.
Sempre que, Senhor,
por um monge ou monja, homem leigo devoto ou mulher leiga devota, esta proteção
atanatiya for bem compreendida, for bem sabida, de cor, em todos os aspectos,
ele ou ela, se um não-humano, seja um yakkha macho ou um yakkha fêmea, ou um
yakkha menino ou yakkha menina, ou um grande yakkha ministro ou membro da
assembléia ou um yakkha servo ou um gandhabba (macho, fêmea, menino ou menina,
ministro ou membro da assembléia ou servo); seja um Kumbhanda (macho, fêmea,
etc.) ou um naga (idem), se com a mente perversa venham perto quando vierem,
estando perto quando estiverem, sentando perto quando sentarem, deitando-se
perto quando estiverem deitados, Senhor, aquele não-humano pertencente a mim
não mais poderá, devido à sua
mente perversa,
receber respeito e honra nas vilas e nos subúrbios. Senhor, aquele não-humano
pertencente a mim não poderá mais receber, devido à sua mente perversa (contra
aqueles monges e leigos) não mais estará apto a ir à assembléia dos yakkhas.
Além disso, Senhor, aqueles nãohumanos estarão impróprios para casar ou
acasalar. Além disso, Senhor, os outros nãohumanos poderão abusar deles com
completo abusos pessoais. Além disso,
Senhor, os não-humanos poderão colocar um vaso vazio de cabeça para baixo sobre
suas cabeças. Além disso, Senhor, os não-humanos
poderão despedaçar sua cabeça em sete partes.
Há, Senhor, não-humanos
ferozes, terríveis e violentos. Que não respeitam os (Quatro) Grandes Reis. Que
não aceitam as palavras dos ministros dos Grandes Reis. Que não aceitam os
enviados dos ministros dos Grandes Reis. Aqueles não-humanos, em verdade,
Senhor, foi dito estarem em revolta contra os Grandes Reis.
Como, Senhor, os
ladrões do Reino de Magadha não aceitam a palavra do Rei de Magadha, não aceitam
os ministros e enviados dos ministros do Rei de Magadha, aqueles grandes
ladrões, em verdade, Senhor, se disseram em revolta contra o Rei da
Magadha do mesmo modo, em verdade,
Senhor, aqueles não-humanos ferozes, terríveis e violentos não aceitam a palavra
dos grandes Reis, nem dos seus ministros, nem dos enviados dos seus ministros.
Aqueles não-humanos, em verdade, Senhor, tem estado em revolta contra os
Grandes Reis.
Quem quer que seja,
Senhor, algum não-humano, yakkha, gandhabba, Kumbhanda, ou naga, macho, fêmea,
menino, menina, ministro, membro da assembléia, ou servo, que com a mente
perversa seguir a um monge, monja, homem leigo devoto, mulher leiga devota
quando indo, estando, sentando, deitando
os outros yakkhas, grandes yakkhas, generais, grandes generais, devem
ser informados, devem ser advertidos, devem ser ordenados aos gritos: “Estes yakkhas (transgressores) me pertencem,
estes yakkhas estão em sob a minha poosse, estes yakkkhas me molestaram, estes yakkhas
me afligiram, estes yakkhas me feriram, estes yakkhas me caluniaram, estes
yakkhas não estão livres de mim”.
H
Para quais yakkhas,
para quais grandes yakkhas, para quais generais, para quais grandes generais é
dito isto?
Inda, Soma, e Varuna,
Bharadvaja, Pajapati, Candana e Kamasettha, Candana e Kamasettha, Kinnughandu e
Nighandu, Panada e Opamañña, Devasuta e Matali, Cittasena e Gandhabba, Nala,
Raja, Janesabha, Satagira, Hemavata, Punnaka, Karatiya, Gula, Sivaka e
Mucalinda, Vessamitta, Yugandhara, Gopala e Suppagedha, Hirinetti e Mandiya,
Pancalacanda e Alavaka, Pajjunna, Sumana, Sumukha, Dadimukha, Manimanicara e
Digha e finalmente Serissaka.
Para estes yakkhas,
para estes grandes yakkhas, para estes generais, para estes grandes generais,
deve ser informado, deve ser advertido, deve ser ordenados aos gritos: “Estes yakkhas me pertencem
etc.”.
Esta é, em verdade,
Senhor, a proteção Atanatiya, para guarda, proteção, liberdade contra o mal,
para o confortável viver dos monges, monjas, devotos leigos e devotas leigas.
Entretanto, nós temos de ir agora, Senhor, nós temos muitas tarefas, muitas
coisas para serem feitas”.
(O Sublime disse:) “Ó
vós, Grandes Reis, considerai agora que é tempo para isto”. Então, em verdade,
os Quatro Grandes Reis, tendo-se levantado de seus assentos, e tendo saudado o
Sublime, e circulando em torno dele com as mãos direitas em direção (a ele),
desapareceram ali mesmo.
E, em verdade,
aqueles yakkhas também, tendo-se levantado de seus assentos, alguns saudando o
Sublime, e circulando em torno dele com as mãos direitas em direção (a ele),
desapareceram ali mesmo. Outros, mudados em amigáveis (expressões), saudando o
Sublime, conversavam com polida e cortês fala, enquanto desapareciam ali mesmo.
Alguns se prostravam com as mãos unidas e levantadas para onde o Sublime estava
e desapareciam. Outros, eles mesmos anunciavam sua linhagem e desapareciam ali
mesmo. Outros continuavam em silêncio e desapareciam ali mesmo.
QUARTA PARTE
J
Então, em verdade, o
Sublime, depois do lapso daquela noite, se dirigiu aos monges: “Ó monges, esta noite os Quatro Grandes Reis,
acompanhados por uma grande corte de yakkhas, acompanhados por uma grande corte
de gandhabbas, acompanhados por uma grande corte de Kumbhandas, acompanhados
por uma grande corte de nagas, colocando proteções nas quatro direções,
estabelecendo tropas de soldados nos quatro lados, colocando grandes forças nos
quatro lados (para salvaguarda de Sakka, o Rei dos Devas), quando a noite
estava mais avançada, com insuperável coloração, iluminando completamente o
Gijjhákuta, se aproximaram de onde Eu estava. Tendo-se aproximado, saudaram-me
e se sentaram ao meu lado. Em verdade, ó monges, aqueles yakkhas também me
saudaram e se sentaram alguns transformados em expressões amigáveis, comigo
conversando em polidas e corteses expressões, se sentaram ao lado, alguns
prostrados com as mãos unidas e levantadas para onde eu estava e se sentaram ao
lado, outros anunciando sua linhagem e se sentaram ao lado, outros permanecendo
silenciosos se sentaram ao lado.
Em verdade, ó monges,
o Grande Rei Vessavana, que estava sentado ao lado, falou para mim assim:
“Existem, Senhor, em verdade, yakkhas de alto poder descontentes com o Senhor
... ó monges, em verdade eu consenti com
silêncio. Então, em verdade, monges, o Grande Rei Vessavana, sabendo de meu
consentimento, naquele momento, expôs esta proteção Atanatiya.
K
(Repetese as seções
de “C” a “H”)
L
Então, em verdade,
monges, os quatro grandes Reis, tendose levantado de seus assentos, saudaram-me
e me circularam com suas mãos direitas na minha direção e desapareceram ali
mesmo.
Ó monges, aprendam a
proteção Atanatiya; ó monges, dominem a proteção Atanatiya; ó monges, guardem
na sua mente a proteção Atanatiya; ó monges, a proteção Atanatiya é para trazer
o bem, para a guarda, proteção, liberdade do mal e confortável viver dos
monges, monjas, homens leigos devotos e mulheres leigas, devotas”. O Sublime
falou assim. Aqueles monges, que estavam
felizes, aprovaram a palavra do Sublime.
RECITAL FINAL
NAMO TASSÊ BHAGUEUETÔ
ARERATÔ SAMMÁ SAMBHUDASSÊ!
(TRÊS VEZES)
1. KARANIYAMETTASUTTA
(Ver parte 16 dos
Recitativos Preliminares)
2. JINAPANJARAM
A jaula dos
conquistadores
1. Nos vitoriosos espaços estão os heróis
Que, com as
perfeições, dominaram Mara
E o sumo do néctar
das Quatro Verdades
Aqueles Senhores
beberam.
2. Os Buddhas, Tanhánkara e outros
Os oitenta e onze
líderes
Moram nos nossos
corações,
Aqueles Mestres dos
sábios.
3. Os Buddhas se estabeleceram na cabeça;
Nos nossos olhos se
firmou o Dhamma
A Sangha, fonte das
boas qualidades,
Implantada em nosso
peito.
4. E em seu coração, Anuruddha
E Sariputta à direita
Kondañña nas costas
E Moggallana à
esquerda
5. E em seu ouvido direito
Estão Ananda e
Ráhula;
Kássapa e Mahanama
Ambos no ouvido
esquerdo
6. Nas pontas de seus cabelos, às costas
Como o Sol, o
produtor da luz
Está assentado o que
tem sorte
Sobhita, boi entre os
sábios
7. Kumarakassapa é o nome
Do grande Sábio, o
doce pregador
Ele em sua boca,
sempre
Estabeleceuse ali
como de qualidades a mina
8. Puñña e Angulimala,
Upali, Nanda e Sívali
Os mais velhos, estes
cinco estão
Em sua testa como um
farol.
9. O resto dos oito, os grandes velhos
Os conquistadores, os
discípulos do conquistador
Faiscando no brilho
de suas virtudes
Estão colocados em
seus vários membros
10. O Ratana (sutta)
está em sua frente
E à direita o
Mettassutta
Dhajagga (paritta)
atrás de você
E Angulimala
(paritta) à sua esquerda.
11. O Khanda e Mora
parittas
E o Atanatiya sutta
Transformouse numa
raiz no céu
O equilíbrio,
transformado em abrigo
12. Para você que
vive nas quatro posturas
Sempre na jaula do
Supremo Buddha
Abrigado pelo método
do Conquistador
Adornado com a
fortaleza do Dhamma
13. Nascido do ar, da
bílis ou de outros humores
Externos e internos
perigos
E todos os
distúrbios, que desapareçam
Através do poder da
ilimitada qualidade.
14. No meio da jaula
do Conquistador
Vivendo sobre a terra
Que todos protejam
você
Todos aqueles grandes
Senhores
Dos homens.
15. Assim
ininterruptamente protegido
Vencidos os perigos
por meio do poder
Do conquistador
Com a multidão dos
inimigos destruídos
Pelo poder do Buddha
Possa você viajar
protegido pelo poder
Do bom Dhamma
16. Assim
ininterruptamente ...
... pelo poder do
Dhamma
17. Assim ...
... pelo poder do
Sangha
18. Você está cercado
pela plataforma
Do bom Dhamma
Os oito Nobres seres
estão
Nas oito direções
E entre eles existem
oito protetores
E vivendo por dentro
de um abrigo
Onde permanecem os
conquistadores
19. Quebrando em
pedaços as armas de Mara
No seu coração está o
Professor
Tendose elevado na
árvore Bodhi.
Moggallana está à
esquerda
E vive em seu braço
E Sariputta à sua
direita.
O Dhamma vive no meio
De seu peito.
O Bodhisattua que
veio para
O ventre da pavoa
Da “moksha” veio para
você
Nos seus dois pés
Na sola protetora do
mundo
20. Todos os
inauspícios, perigos e maus presságios
Todas doenças, más
condições dos planetas,
Toda falta, todos os
obstáculos, medos,
Maus sonhos, tudo o
que é desagradável
Tornase nada
Através do mais nobre
do poderes
O do Buddha.
21. Todos os
inauspícios ...
O do Dhamma.
22. Todos os ...
O da Sangha.
3. VOTOS PARA TODOS
OS SERES
Que os aflitos com o
sofrimento
Sejam livres do
sofrimento
Que os aflitos com o
medo
Sejam livres do medo
Que os aflitos com a
lamentação
Sejam livres da
lamentação
Possam todos os seres
ser assim livres.
4. CONVITE PARA QUE
OS NÃO-HUMANOS PARTICIPEM DOS MÉRITOS
Estando nos céus ou
estando na terra
Devas e Nagas do mais
alto poder
Recebendo parte deste
mérito
Protejam longamente a
Mensagem no mundo (Três vezes)
5. VOTOS PARA O BEMESTAR
DO MUNDO
Possa a chuva cair na
estação
Para sucesso da
produção do cereal
E que o mundo seja
próspero
Que os governantes
sejam corretos.
6. NAMO TASSÊ
BHAGUEVETÔ ARERATHÔ SAMMÁ SAMBHUDHASSÊ (Três vezes)
Buddham sarenam
gatchámi
Dhammam sarenam gatchámi
Sangham sarenam
gatchámi.
Dutiyámpi Buddham
sarenam gatchámi
Dutiyámpi Dhammam
sarenam gatchámi
Dutiyámpi Sangham
sarenam gatchámi
Tatiyámpi Buddham
sarenam gatchámi
Tatiyámpi Dhamman
sarenam gatchámi
Tatityámpi Sangham
sarenam gatchámi
Panatipata veramani
sikkhapadam samadiyami.
Adinnadanna veremani
.....
Kamesu micchhá chará
veremani .....
Musavadá veremani
.....
Surame rayá majja
pama datthaná veremani .....
7. CONVITE AOS
DEUSES, SEMIDEUSES E TODOS SERES DIVINOS PARA PARTILHAR DESTES MÉRITOS.
a) Destes méritos até
agora por nós
Conseguidos e
atingidos
Possam todos os Devas
partilhar
Para a realização de
todas as felicidades
b) .....
Possam os Bhuddas
partilhar
.....
c) .....
Possam todos os seres
partilhar
.....
8. VARIAÇÃO DO Nº 4
a) Estando nos céus
ou estando na terra
Devas e Nagas do mais
alto poder
Recebendo parte deste
mérito
Protejam longamente a
Mensagem no mundo
b) Estando nos céus
.....
.....
Protejam longamente o
Ensino
c) Estando nos céus
.....
.....
Protejam longamente a
mim e aos outros.
9. CONVITE AOS
PARENTES MORTOS PARA PARTILHAR DOS MÉRITOS
Que os meus parentes
mortos recebam estes méritos. (Três vezes)
Que eles sejam
felizes. (Três vezes)
(FIM DO RECITAL)
Notas
1 R. Samuel.
2 Os quatro estágios da iluminação duplicados em o que vai conseguir e o que
consegue.
3 Budha
Dhammma Sangha.
4 Perdaganho; honradesonra; tristezaalegria;
louvorcensura.
5 Quatro estágios de
iluminação.
6 Primeiro Grau de iluminação.
7 Espécie de Serpente Mitológica.
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